sábado, 20 de julho de 2013

HISTÓRIA COMPLEMENTAR - INÍCIO DO SÉCULO XX (...)

O presente capítulo, para melhor compreensão, acha-se dividido em 6 [seis] seções:
Circo: foto representativa - internet

 -o-

1. Clubes de entretenimentos - cultura e lazer
No século XX – primeiro decênio, Santa Cruz apresentava-se: "(...) uma das melhores e mais importantes povoação sertaneja" (Almanak Laemmert, indicador para 1909: S 214).
A Santa Cruz no início do século XX, para os segmentos populares de sua sociedade, ainda seria a continuação do século anterior no que tange aos usos e costumes, povoadores e habitações, enquanto a classe dominante já se distanciava destes valores, fenômeno observado desde 1883. A sociedade, como um todo, participava de festividades religiosas e folguedos relacionados, ou festas folclóricas e saraus.
Para o lugar, nos tempos de 1883, já existiam salões de jogos e diversões, e as casas do ramo estavam sujeitas a regulamentações de acordo com o Código de Posturas daquele mesmo ano – Capítulo IX, sendo proibidos os jogos de parada e de azar, e os infratores seriam severamente punidos, porém tolerados pelas autoridades, num lugar onde todos se conheciam e faziam-se amigos.
Existiam os jogos de cálculos, de mesas e o carteado propriamente dito.
Entre os jogos de cálculos, portanto permitidos, estavam aqueles de tabuleiro (xadrez, damas e gamão), vários de cartas e de dados.
Entre os jogos de mesas enquadravam-se o bilhar e o 'snoocker', o primeiro com regras francesas, um tanto diferentes das atuais, enquanto o 'snoocker' seria uma versão ou adaptação inglesa do bilhar, criada em 1875, com regras próprias.
O termo 'snoocker' foi abrasileirado para 'sinuca', com adaptações de regras, e a gerar o ditado 'sinuca de bico' para alguma situação difícil, tipificação do jogo na qual o bico da caçapa não favorece alinhamento entre a bola branca com a bola a ser jogada – 'a bola da vez', outro dito popular.
A roleta, como jogo de mesa ou de balcão, era considerada como jogo de azar e, assim, proibida, mas evidentemente jogada e era jogo de altas apostas. Criou-se uma versão permitida para rodadas de lazer, que é a roleta de parede.
O carteado ou jogo de cartas chamado de bacará, aparentemente deu entrada em Santa Cruz do Rio Pardo com os italianos, ainda que, digam, já se jogava o 'vinte e um', sob as regras francesas, jogo mais ou menos igual ou de origem pelo menos comum com o bacará.
Outro jogo de carta bastante popular era o 'truco' trazido da Europa pelos espanhóis, que ganhou regras em Minas Gerais e chegou ao sertão paulista com os mineiros. As regras seriam adaptadas posteriormente, criando o truco paulista. Ditam as tradições que o truco quase sempre era jogado nas casas de jogos mais tradicionais depois de certas horas ou em dias pré-determinados, mas era jogo constante em qualquer folgança ou reunião de amigos.
O poker – jogo de cartas aportuguesado pôquer, foi aperfeiçoado nos Estados Unidos e chegou ao Brasil como grande atração nos salões ou casas de diversões.
O jogo do loto [italiano], tombola [inglesa] ou que nome e origem for, tornou-se aqui o bingo, atrativo de grande público, ora como jogo de azar, ora como diversão familiar ou rodas de amigos. Em Santa Cruz jogava-se bingo, mesmo sendo proibido em salões.
Também os santa-cruzenses divertiam-se com as corridas de cavalos, denominadas parelhas, permitidas mediante licenças, pelo Código de Posturas de 1883. O local de corridas de cavalos funcionava adiante dos fundos onde viria ser o Hospital Maternidade. Uma disputa, em 1910, mostra o interesse da imprensa e da população por tais eventos:
—"Hyppodromo
Realisar-seá hoje, ás 4 horas da tarde, na raia, as corridas dos seguintes animaes: Sete de ouros, Coola-torta, Mouro, Rosilho, Gavião, Rio de Janeiro, Trajano, Guanabara, Púrús, Botafogo, Fradiavolo, Ping-pong, Herege, Pindorama, Sultão e outros esplendidos bucephalos, que duspurarão grandes premios!
Á raia!"
(Cidade de Santa Cruz, 27/11/1910: 2).
Também os circos, "eram sempre bem-vindos e sua estada era alvo de comentários pelas diferentes camadas da localidade" (Rios, 2004: 69-70).
A presença de um circo no lugar, no século XIX,  representava a mudança do cotidiano pelo divertimento, e o palhaço era a atração maior, e do qual dependia todo o sucesso circense. Em algumas empresas circenses o palhaço participava de todas as apresentações.
—Os circos que iam de um povoado a outro, com permanência de alguns dias num lugar, eram, na época, legitimamente populares e representativos da cultura sertaneja. O palhaço surgido na Alemanha por volta de 1850, logo chegou ao Brasil, como figura ridicularizada de algum bufão.
Com a imigração italiana surgiram os grupos comediantes mais bem definidos e mudou-se a figura do palhaço, agora algum herói ingênuo representando o tipo brasileiro, conquistador malandro, falante de frases picantes ou de duplo sentido, sempre com muita graça.
Existem informações de apresentações de circos com mágicos, ilusionistas e que traziam cavalos que 'sabiam calcular', além dos cães adestrados, e dos espetáculos equestres, com saltos, malabarismos e montarias sincronizadas.
Em geral eram os circos de recreação e os circos teatros que mais chegavam ao sertão, desde os primeiros anos de povoação; onde quer houvesse algum povoado lá chegava o circo, segundo as mais antigas tradições, com seus espetáculos ginásticos juntamente com os acrobatas e equilibristas, das artes malabares, dos pirófagos, dos engolidores de espadas e das comicidades com trapalhadas e, em geral, o encerramento com encenação religiosa conforme calendário eclesiástico.
Quase sempre os circos traziam grupo de teatro, razão porque alguns denominados de Circo Teatro, estilo mambembeiro.
Antes do advento da imprensa no interior paulista quase nenhuma nota sobre presença de circos nas localidades do sertão, senão pelas tradições de famílias. Já nas primeiras circulações hebdomadárias, a partir de 1890 [1895 em Santa Cruz do Rio Pardo] tornou-se possível conhecer nomes de circos e algumas reportagens a respeito.
O 'Circo Rubens', de Mira e Filho, era o mais conhecido dentre os circos. De empresa recreativa modesta tornou-se Circo Teatro e de variedades sendo destacado o drama 'Vinte anos de martírio' (Rios, 2004: 70).
O palhaço do Circo Rubens era chamado 'Mimoso', ano de referência 1902, cujo nome real era José Serafim Mimoso, que "com suas modinhas tem feito o gaudio da rapaziada" (Correio do Sertão, 23/08/1903).
Os 'Circos de Touros', as touradas profissionais sem a morte do animal, além das montarias em animais xucros eram outros espetáculos de grande público. Até nestes tipos de apresentações a figura do palhaço fazia-se presente, como atração familiar mais esperada do espetáculo.
A classe rica frequentava os primeiros dias das apresentações, e depois ocorria a popularização, como preços promocionais, afluindo aos espetáculos todas as camadas sociais.
Nos anos de 1880 a elitizada sociedade santa-cruzense encontrava-se rotineiramente nos saraus para as apreciações de músicas variadas, tocadas e cantadas; e para os jogos e discussões dos momentos econômicos e da política. Seus membros apreciavam espetáculos de entretenimentos, sacros, românticos – representados pelos grandes dramas, os vulgares, as comédias – inclusas as rurais (caipiras) e os programas essencialmente culturais e histórico-educativos.
Todos se divertiam nos parques, as vindas dos mágicos, dos prestidigitadores, com os jogos esportivos, montarias, corridas a cavalo e lutas de pugilato ou livre, com lutadores a empresa e, quase sempre na última apresentação acontecia luta desafio entre o profissional da empresa e um lutador da cidade ou região.
As casas de espetáculos abarrotavam-se mesmo diante de espetáculos amadores, especialmente aqueles beneficentes, destacando-se grupos de artistas de ocasiões, como as apresentações do 'Grupo Dramático 14 de Julho', para auxílio à Santa Casa e outras instituições (O Contemporaneo, 07/07/1917: 1).
Os informativos da época, além dos anúncios de publicidade, descreviam as qualidades dos espetáculos realizados, inclusive descrevendo as reações do público.
O santa-cruzense incentivava os seus tantos poetas e admirava os estudiosos cujas matérias, destes e daqueles, eram publicadas com destaques e sempre em primeira página.
Nas festas carnavalescas, após a fase do entrudo, percebia-se a apatia do santa-cruzense.
A partir de 1902 surgiram as primeiras diversões mecânicas e, somente no final do século XX surgiram os brinquedos eletrônicos.

2. Diversões: cultura, esporte e lazer
2.1. Cinematógrafo
Em 1902, sete anos após a invenção do cinematógrafo, os empresários itinerantes, Volpe, Nardino e Massimo (Correio do Sertão, 15/11/1902), apresentavam espetáculos do gênero, pela primeira vez em Santa Cruz, num salão de propriedade da família Raveduti.
Aquele cinematógrafo foi a grande sensação com as apresentações dos primeiros filmes no lugar, com a lotação esgotada durante a segunda quinzena de novembro e todo o mês de dezembro.
Enquanto Santa Cruz não apresentava cinema próprio, outros empresários ambulantes apareciam, para seus espetáculos através dos cinematógrafos.

2.2. Cinemas
Nos tempos mais antigos as fitas cinematográficas eram curtas e mudas – com diversas apresentações num só espetáculo, e, durante as projeções dos principais filmes uma orquestra apresentava-se ao vivo, além de certas improvisações de efeitos sonoros, onde cocos batidos ao chão imitavam passos, trotes ou disparadas de cavalo, ou as folhas de flandres vibradas que davam ideias de trovões, e outras execuções de momento, sempre sob a coordenação do contrarregra, chefe da equipe escondida atrás da tela.
Antes das exibições e nos intervalos molhava-se a tela com o uso de uma vara chamada 'canudo', porque as projeções eram feitas por trás da mesma sob o forte calor da iluminação necessária.
Em algumas exibições, durante as interrupções regulares, faziam-se sorteios de prendas em pró alguma instituição local, com números previamente adquiridos ou ingressos numerados, por exemplo, em pró a reforma da Igreja Matriz (Cidade de Santa Cruz, 10/03/1912: 2).

2.2.1. Cine Oriente – 1909/1914
Após adiamentos, aos 18 de setembro de 1909 inaugurava-se a primeira casa fixa de espetáculos do gênero (Cidade de Santa Cruz, 18/09/1909: 3), pelo empresário Bichara Elias Eide.
Pouco depois, o Cine Oriente anunciava a estreia de seu moderno aparelho d'Pathe Frere, modelo 1910, e o aviso que as fitas seriam fornecidas pela grande empresa 'Bijou Theatre' de São Paulo (Cidade de Santa Cruz, 06/06/1910: 3).
O aparelho 'Pathe Frere', da Sociedade Irmãos Pathé, resumia-se em sincronizar o som com a imagem na tela, onde a força motriz substituía o meio mecânico das apresentações, ou seja, os efeitos sonoros e musicais, substituindo gramofones e efeitos manuais. Comumente denominava-se Pathé projetor de filme 35 m/m.
O Cine Oriente em 1912 incorporaria o Cine São Luiz, de Augusto Swenson, sob o gerenciamento único de Bichara Elias Eide, funcionando as casas em salas distintas.

2.2.2. Cine Brasil – 1911/?
Curiosamente, também propriedade de Bichara Elias Eide, o Cine Brasil entrou em funcionamento no dia 04 de julho de 1911, gerenciado por Manoel P. Tavares.
Nunca suficientemente explicado a decisão do empresário. Talvez a melhor razão esteja na informação do Almanack Paulistano – Velhos Cinemas do Interior, que muitas vezes 'brigas políticas' obrigavam duas salas de cinema numa mesma localidade cuja população nem era suficiente para uma única casa.
Com a incorporação do Cine São Luiz pelo empresário Bichara Elias Eide, não se sabe qual o destino do Cine Brasil.

2.2.3. Cine São Luiz – ?/1914
Não localizado, até o momento qualquer expediente que possa informar quando o início das atividades do Cine Teatro São Luiz, do empresário Augusto Swenson, situado a Rua Euzébio de Queiroz [atual Catarina Etsuko Umezu] esquina do Largo da Matriz, hoje Praça Dr. Pedro Cesar Sampaio.
Anúncio de 26 de novembro de 1911 informava que o Cine São Luiz apresentava sempre filmes novos das grandes produções europeias e do Brasil – fitas nacionais (Cidade Santa Cruz, 26/11/1911: 3).
Pela divulgação sabe-se da apresentação do filme 'Astúcia de um Marido', de Max Linder, esclarecendo a notícia que, durante a projeção do filme uma orquestra se apresentaria ao vivo.
—Max Linder foi o primeiro ator 'clow' [palhaço] da comédia arte - expressão do ridículo e da fraqueza de cada pessoa, no qual se inspiraria Charles Chaplin.
O Cine São Luiz, alugava o recinto para conferencias e reuniões, sem distinções partidárias, de credo e racial, mediante pagamento adiantado. A exemplo dos outros cinemas, na época, o São Luiz também favorecia espetáculos beneficentes, e em 30 de maio de 1912, "um espetáculo em beneficio da desvalida Rita Emboava".
O Cine São Luiz associou-se ao Cine Oriente:
—"Comunicam-nos os srs. Bichara Elias Eide e Augusto Swenson, que por acôrdo realisado há dias, organisaram uma sociedade para exploração dos cinematógrafos São Luis e Oriente, desta cidade.
A gerência dos negócios referentes aos mesmos cinemas, ficará a cargo do sr. Bichara Elias Eide."
- (Cidade Santa Cruz, 17/10/1911: 2).
Os Cines São Luiz e Oriente funcionaram em salas distintas, até 1914, quando da falência de Bichara Elias Eide (Cidade Santa Cruz, 04/10/1914: 3 – edital), sem menções daquelas casas de espetáculos no rol dos bens penhorados, ou que a sociedade tenha sido desfeita antes da decretação falimentar.

2.2.4. Cine 'Theatre Bijou' – 1911/?
De propriedade de José Aloe, por aquisição, esta casa de espetáculos já funcionava em 05 de março de 1911. O semanário 'Cidade Santa Cruz' ao referir-se ao empreendimento zombava da capacidade de geração de energia da Companhia Luz e Força Santa Cruz: "O sr. José Alóe actual proprietário do 'Bijou', vae nos mimosear, hoje, com mais uma funcção cinemathographica. Portanto todos ao Cinema, ainda com risco de quebrar uma perma devido esplendido funccionamento da 'Luz e Força' (Cidade Santa Cruz, 05/03/1911: 2).

2.2.5. Cassino Cinema – 1911/1912
Santa Cruz, em novembro de 1911, tinha quatro cinemas: Oriente, Brasil, São Luiz e Theatre Bijou, já com anúncio de mais uma sala de espetáculos cinematográficos, o 'Casino Cinema' de propriedade Xavier e Vianna (Cidade de Santa Cruz, 26 /11/1911: 2).
O Cine Cassino encerrou as atividades em 1912.

2.2.6. 'High-Life' Cinema – 1912/1912
Mais um cinema em Santa Cruz do Rio Pardo, da Empresa Xavier e Vianna (Cidade de Santa Cruz, 30/05/1912: 2), conhecido como 'Teatrinho', também promotor de espetáculos beneficentes.
Funcionava com apresentações de diversos filmes, com até oito fitas num só espetáculo.
O 'Cine High-Life' funcionou poucos meses, e em setembro de 1912, o prédio onde instalado dava lugar ao renovado Cine Oriente, de Bichara Elias Eid.
Dois anos depois, em 1914, depois o empresário Eid estava falido.

2.2.7. Cine Santa Cruz – 1914/1946
O semanário 'Cidade de Santa Cruz', aos 11 de outubro de 1914 anunciava o funcionamento do Cine Santa Cruz, dos empresários Machado (?) e Augusto Swenson, firmado sobre as deixas dos cinemas Oriente e São Luiz.
No período de 08 de maio a 15 de outubro de 1915 – datas de publicações de 'O Contemporaneo', o Cine funcionou em duas casas distintas de espetáculos cinematográficos, para então retornar num só salão mais apropriado e confortável.
Em outubro de 1927 o empresário Manoel Santos Ribeiro, apresenta-se proprietário do Grêmio Santa Cruz e do Cine Teatro Santa Cruz – ou Cine Santa Cruz, em prédio recém construído (A Cidade, 23/10/1927: 2) para tal propósito.
O terreno onde fez-se a construção era o todo anunciado à venda em 29 de novembro de 1917: "Vendem-se quatro datas de terreno no perímetro urbano desta cidade, e situadas na Rua Antonio Prado, esquina da rua Euzebio de Queiroz, lado de baixo. Tratar com o prof. Cornélio" (O Contemporaneo, edição de 29/11/1917: 5).
Em 1926 a área tornou-se patrimônio público municipal, cedido ao empresário Manoel Santos Ribeiro para nele construir o prédio destinado a um cine teatro, de acordo com a Lei Municipal 378, de 06 de agosto do mesmo ano, sendo o empresário também beneficiado com isenção de impostos pelo prazo de oito anos sobre o prédio, o cinema e bar instalados, todavia mediante cessão de lugares gratuitos na casa de espetáculo – eventos ocasionais, e a permissão de uso para festas, em benefício do hospital Santa Casa de Misericórdia.
Desde 1927, quando da inauguração do 'Cine Teatro Santa Cruz' apenas um cinema continuou em Santa Cruz do Rio Pardo instalado onde hoje a Prefeitura Municipal, sito à Praça Deputado Dr. Leônidas Camarinha nº 340.
Manoel Santos Ribeiro estava entre os maiores comerciantes de Santa Cruz da época, dono de uma 'Casa de Fazendas e Molhados' à rua Conselheiro Dantas (Cidade de Santa Cruz, 13/03/1921: 6).
Após três décadas de funcionamento, contadas administrações (proprietários) anteriores, o Cine Santa Cruz, em 1945, foi integrado à 'Empresa Teatral Pedutti', de Emilio Pedutti, o megaempresário no ramo de cinemas determinou a construção de novo prédio para a casa de espetáculos Santa Cruz.
Desde a ocasião, os informes publicitários, anunciações de filmes e outros espetáculos, traziam a identificação conjunta: "A Empreza Teatral Pedutti e o Cine Santa Cruz" (A Cidade, 13/05/1945: 1); e o novo prédio, cognominado 'Palácio da Sorocabana', foi inaugurado em 1946 sob a denominação de 'Cine São Pedro'. Após a anexação do 'Cine Santa Cruz', mudanças de nome e endereço, o empresário Manoel Santos Ribeiro instalou o 'Clube Soarema' no lugar.

2.2.8. Cine São Pedro/Empresa Teatral Pedutti – 1946/1987
Cine Teatro São Pedro, pela Empresa Teatral Pedutti, foi fundado em 1946, à Rua Conselheiro Antonio Prado, nº 560, com capacidade de 1.050 lugares, valendo-se de projetor para filmes 35 m/m, com média anual de 565 sessões/ano e público de 252.310 espectadores num ano (Cine Mafalda, 2009: Interior – Santa Cruz do Rio Pardo), nos seus melhores tempos, ou seja, próximo a 450 frequentadores por sessão.
O prédio foi adquirido pela municipalidade em 1987 e inaugurado em 20 de janeiro de 1988 como 'Palácio da Cultura Umberto Magnani Netto', em homenagem ao artista santa-cruzense, com a presença de Plinio Marcos [dramaturgo], Beth Farias – atriz e então deputada federal, outros nomes do meio artístico local e regional, além dos políticos e autoridades em geral.
Atualmente o edifício, reformado, destina-se a apresentações de filmes de teatro e grandes reuniões, sob a administração pública municipal.

2.3. Teatros e casas de espetáculos
Pelo Código de Posturas de 1883 entendem-se, em Santa Cruz, existências de teatros e clubes de danças, mas deles praticamente inexistem registros, afora vagas referências pela imprensa, sem menções de nomes ou endereços.
A classe social mais elevada fazia seus encontros e danças nas residências, e notícias dão conta que o sobrado do Coronel Moysés Nelli era dos principais lugares de encontros para os bailes da elite, acontecimentos desde o final do século XIX.
Nos salões apresentavam-se orquestras, promoviam-se bailes, vinham as bandas e peças teatrais. Santa Cruz era uma cidade que apreciava a cultura.

2.3.1. Salão [do] Ravedutti
Em 1902 existia o Salão do Ravedutti, notável casa de espetáculos da época, com apresentações de grandes bailes com presenças de orquestras e bandas, sessões cinematográficas e variedades, e à frente das apresentações locais a família Ravedutti – de imigrantes italianos, e que importava espetáculos e variedades de shows (Correio do Sertão, 26/04/1902: 2).

2.3.2. Salão nobre da Câmara / Tribunal do Júri
Não era praxe espetáculo realizados no amplo salão do edifício público, que servia para as atribuições camarárias e de júri, no entanto alguns acontecimentos sociais, musicais e dançantes de grandezas maiores, lá aconteceram.
A inauguração em 1901 foi uma grande festa social dançante – esplendido baile (Correio do Sertão, 21/03/1903: 2) que avançou a madrugada.
Importante apresentação musical realizou-se no local, em mês de agosto de 1903, quando os anunciados irmãos russos, na verdade croatas, Mirko e Stefan Seljan, concertistas e exploradores científicos numa viagem pelo Brasil, chegaram a Santa Cruz do Rio Pardo onde permaneceram por alguns dias.
O 'Correio de Sertão', em sua edição de 08/08/1903: 2, referiu-se a uma das apresentações: "Foi bastante concorrido e applaudido o concerto musical, dado nesta cidade, na noite de 4, pelos Irmãos Seljan".

2.3.3. Salão Aurora
Em 1908 citou-se o Salão Aurora (Correio de Santa Cruz, 26/06/1908), de propriedade de Sebastião Antunes Ribeiro.

2.3.4. Salão Brasil
Não se sabe desde quando o funcionamento do Salão Brasil, destinado a eventos sociais e festejos, e em os bailes carnavalescos.
Informe publicitário de 1933 informa-o de propriedade de Augusto Totti, e lá era possível adquirir o lança-perfumes – venda permitida na época, confetes e serpentinas. Segundo a publicidade, naquele ano de 1933 o carnaval na casa ia ser de 'arromba' (Santa Cruz Jornal, 05/02/1933: 4).

2.4. Clubes Sociais, Literários e Recreativos
Alguns clubes funcionaram em Santa Cruz do Rio Pardo, aqui apresentados aqueles cujos registros chegaram aos dias atuais:

2.4.1. Democrata 'Club'
Em 1902 existia em Santa Cruz o 'Democrata Club', numa a notícia dada referindo-se a apresentação do espetáculo, em três atos, 'Supplicios de uma mulher', e o anúncio da comédia 'Uma scena no Sertão de Minas' (Correio do Sertão, 11/03/1902: 2).
O 'Democrata' teve sua origem no final do século XIX, a exemplo de outros clubes de igual nome e época, em lugares diversos, inspirado no movimento católico pós-advento da República, como espaço aberto à cultura, sobretudo à arte musical.

2.4.2. Clube Literário e Recreativo
No mês de junho de 1903 noticiou-se a fundação do Clube Literário e Recreativo Santacruzense: "Com esta denominação, por iniciativa de um grupo de distinctos rapazes, acaba de ser fundada uma sociedade dançante nesta cidade, a qual será inaugurada brevemente" (Correio do Sertão, 27/06/1903: 2).
O Clube reuniu seus membros, aprovou estatutos e nomeou comissão para angariar fundos e consumar a denominação, elegendo a primeira diretoria aos 20 de julho de 1903, sendo: "presidente Major Vicente Finamore; thezoureiro capm. Antonio Sanches Pitaguary; secretario, Luiz Octavio de Souza; procurador, José A. Pereira Junior" (Correio do Sertão, 25/07/1903: 2), e, ainda, escolhidos por votos, Julio Estevam de Sant'Anna, Manoel de Novaes Cortez e o tenente João Manoel de Almeida, para a Comissão de Sindicância.

2.4.3. 'Tabajara Club'
Notícias de 1915 mencionam o salão 'Tabajara Club' (O Contemporaneo, 28/08/1915: 3).
Tradições lembram, em Santa Cruz, que se tratava de clube típico nordestino, com músicas típicas, sem nenhuma discriminação.
A palavra tabajara, de origem tupi: 'senhor ou senhores de [da] aldeia', era comumente usada para identificar paraibanos ou, mesmo, nordestinos de modo geral.

2.4.4. Clube 21 de Abril
Clube cultural e de recreação, elitizado, o '21 de Abril', estava em funcionamento no Largo do Jardim, no ano de 1919, constando que fora naquela localidade que o coronel Tonico Lista mencionara, em presença das testemunhas Benedicto Xavier e Francisco Vidal, mando ou sugestão para os espancamentos do advogado Francisco Giraldes Filho e o cliente Fernando Foschini, ameaças levadas a efeito (Processo Criminal: Ocorrências Inquérito Policial – Antonio Evangelista da Silva – Tonico Lista: 1919).

2.4.5. Clube Náutico
Lendário, o Clube Náutico faz parte da tradição de Santa Cruz do Rio Pardo, e já estaria em atividade na década de 1920, não estatuído, com grupos de amigos que por lá se reuniam para divertimentos de pescas, natação e canoagem.
Oficialmente seu idealizador foi o francano José Rios, em 1933, ao entender que aquele lugar calmo à beira rio pudesse receber e melhor acomodar as pessoas para convescotes familiares ou amistosos, além das práticas náuticas, originalmente sem as pretensões de algum clube formal.
—José Rios, filho de Ricardo Rios e Josepha Sanches, nasceu em Franca – SP aos 20 de maio de 1897, chegou a Santa Cruz ainda criança, exerceu cargo de Porteiro do Grupo Escolar e destacou-se como atleta amador especialista em natação, falecido aos 15/07/1961. José Rios não deve ser confundido com José Rios Massa, nascido em Iguape, por volta de 1891, filho de André Massa e Cesira Massa, casado com Frida Kühne aos 18/01/1923, em Santa Cruz do Rio Pardo, importante membro da sociedade da época e partícipe dos clubes desportivos santa-cruzenses, morto em 23/07/1957 (CD: A/A: Família Rios).
Inevitavelmente surgiram as regras de convivências e de manutenções, criando-se uma associação, com setenta pessoas contribuintes mensais para as realizações no lugar: terraplanagem, balanços, gangorras, campo de futebol, barras para exercícios físicos, quadras de areia, represamento de uma mina para natação infantil, coberturas para o abrigo do sol e chuva, lugar para guardas de canoas.
A inauguração, no melhor estilo, foi disputada por provas náuticas – natação até a altura da ponte então existente com acesso a rua Saldanha Marinho.
As tradições guardam revelações, que Maria Rosa Fernandes, depois casada com Renato Taveiros, teria sido a primeira mulher a atravessar o Rio Pardo a nado, margem a margem, além de dar causa de discussão social pelo ousado traje [maiô] usado naquele evento.
O 'Clube Náutico' até os anos de 1970 não foi rígido nas cobranças das mensalidades dos associados, e chegou a ser abandonado até 2001, quando da remodelação do lugar e uma nova administração, dando origem ao Ingá Náutico Clube, com significativos melhoramentos e nova ordem.

2.4.6. Clube XV de Novembro
O Clube XV de Novembro foi inaugurado aos 15 de novembro de 1921, num confortável prédio, com vastos salões decorados e iluminação deslumbrante.
A solenidade ocorreu hasteamento do pavilhão nacional, com o discurso do dr. Hernande Brazil, orador oficial do clube, discorrendo sobre os fins e utilidade do XV de Novembro, muitas vezes interrompido pelos aplausos.
Após o serviço de chá, a corporação musical animou os festejos até a madrugada. "Emfim, o festival da inauguração do Club 15 de Novembro, deixou gravado nos corações das familias Santacruzenses uma perenne recordação" (Cidade de Santa Cruz, 20/11/1921: 2).

2.4.7. Clube Recreativo Progresso
No ano de 1925, 14 de setembro, noticiou-se a inauguração do 'Clube Recreativo Progresso' (A Cidade, 20/09/1925: 2), com as escolhas dos membros diretores, Francisco Martins da Costa, presidente; Guilherme Wolf, Vice-presidente; Benedicto Fonseca, Secretario; José Antonio, Thesoureiro; Joaquim Monteiro, vice-tesoureiro; e Octavio Lizzi, o fiscal geral. Para a comissão de sindicância foram indicados Manoel Ferreira Martins, Antonio de Oliveira, Henrique Scheramm, Luiz Lorenzzetti, Tertuliano Vieira da Silva. Para Mestres de Salas, Paulo Wolf e Joaquim Bressani.

2.4.8. Éden 'Club'
Publicação em 'A Cidade, 20 de setembro de 1926: 1 – Notícias Diversas' trouxe a informação: "Realiza-se amanhã [21 de setembro de 1926], às 20 horas, eleição da nova Directoria do Eden Club desta cidade".
No ano seguinte, 1927, o 'Eden Club' surge sob a denominação 'Gremio Santa Cruz', para funcionar em nova sede, à rua Conselheiro Antonio Pardo, designando-se tendo o dia 12 outubro de 1927 para a organização da nova sede e posse da diretoria (A Cidade, 02/10/1927: 2-3):
—"Presidente – Dr. Pedro Cesar Sampaio; Vice-presidente – Agenor de Camargo; 1º secretario – Luiz Octaviano de Sousa; 2º secretario – Mauriles de Almeida; Thesoureiro – João Baptista Ferreira e Orador, Dr. Vasco de Andrade.
Comissão de Syndicancia: Florberto Alves Cruz, Carlos Rios e Antonio Aloe".

2.4.9. Grêmio Santa Cruz
Manoel Santos Ribeiro assumiu controle do 'Eden Club' e o transformou no 'Gremio Santa Cruz' instalado em nova sede e inaugurado aos 12 de outubro de 1927, à rua Conselheiro Antonio Prado, que tinha por objeto a recreação familiar e sua inauguração mereceu reportagem, com posse da Diretoria sendo Presidente o Dr. Pedro Cezar Sampaio.
Após o discurso do Presidente eleito, "Seguiu-se animadíssimo baile onde viam-se as mais distinctas famílias desta cidade, prolongando-se as dansas até ao romper da aurora, tocando a orchestra Wolf variadas musicas de seu variado repertorio" (A Cidade, 16/10/1927: 1).
A localização do 'Grêmio Santa Cruz' indica ser próxima ao 'Cine Santa Cruz', do mesmo empresário, construções numa mesma época, estando por dedução o local onde, posteriormente, funcionou o Clube dos Vinte a partir de 1929 e, depois, a 'Rádio Difusora Santa Cruz', inaugurada em 15 de maio de 1949.

2.4.10. Clube [de] Xadrez
Clube recreativo e literário-musical, onde as "Pessoas se reuniam para discutir cultura, jogar xadrez e declamar poesias, sob os auspícios do Grêmio Estudantil Dario de Moura, da escola Leônidas do Amaral Vieira" (Debate, edição de 11/11/2007: 8, do entrevistado José Eduardo Piedade Catalano).
Funcionava no sobrado do Nelli, construção do século XIX, situado na Travessa Manoel Herculano com a rua Conselheiro Antonio Prado, mais propriamente na atual praça Deputado Leônidas Camarinha.
A prática maior do clube, sem dúvidas, era o enxadrismo, sobretudo nos anos de 1920, e tinha como grande destaque o jovem João Evangelista da Silva Netto, de 22 anos, filho do Coronel Tonico Lista.
Motivado pelos seus praticantes, em 1927 o 'Clube Xadrez' promoveu a vinda do enxadrista Vicente Tulio Romano, primeiro vice-campeão brasileiro daquele ano (A Cidade, 20/11/1927: 2).
Segundo o entrevistado José Eduardo Piedade Catalano – Debate 11/11/2007, nomes da intelectualidade santa-cruzense passaram pelo 'Clube Xadrez' e "que mais tarde se destacaram no meio educacional praticamente se formaram no Clube do Xadrez, como Teófilo de Queiroz, João Batista Borges Pereira e outros".
O Clube [do] Xadrez 'desapareceu' no final da década de 50.

2.4.11. Clube dos Vinte
Aos 15 do mês de maio de 1929 um grupo de vinte ilustres nomes da sociedade santa-cruzense, da época, decidiram pela formação de um clube social, ao preço – joia de 200$000, com estatuto apresentado e aprovado. Foram eles: 
—"Leônidas do Amaral Vieira, Florberto Ales Cruz, Dr. Pedro Cesar Sampaio, Osorio Bueno, Dr. Pedro Camarinha, Dr. Odilon Bueno, Theophilo J. Queiroz, Agenor Camargo, Julio Cesar Covello, Francisco de Paula Assis, Avelino Taveiros, Leônidas Camarinha, Angelo Fazzio, Dr. Viriato Carneiro Lopes, Dr. Vasco de Andrade, Antonio Aloe, Jayme Castanho, Jorge Bassit, João Batista Ferreira e Jarbas Bueno" (Clube dos Vinte, Estatuto aprovado, 1929).
A inauguração do Clube ocorreu aos 07 de julho de 1929, e a sede situava-se à Rua Conselheiro Antonio Prado, nº 56, aonde depois funcionou a Rádio Difusora. A data coincidia com o aniversário de seu fundador e o seu principal nome, Leônidas do Amaral Vieira.
O Clube dos Vinte estava sempre atento às datas festivas e religiosas para promoções de seus eventos. Em 19 de abril de 1930 – 'sábado da aleluia', por exemplo, promoveu-se "um grande 'soirée' dansante dedicada aos seus associados", estando também na programação "um baile infantil, com distribuição de bombons, no dia seguinte, domingo de paschoa, 20 do corrente, das 14,00 às 17,00 horas" (A Cidade, 06/04/1930: 2).
O hebdomadário A Cidade (21 de junho de 1931: 4) noticiou:
—"Gratificação – O Club dos Vinte grafifica com dusentos mil réis, a quem der notícias seguras do desapparecimento de sua placa, ou disser aonde a mesma se encontra; será guardado o mais absoluto sigillo a respeito". À mesma página publicava-se: "Processos Crimes – Foram com vista ao dr. Promotor Publico, para os fins legaes, o processo referente ao desapparecimento da placa do 'Club dos Vinte' (...)".
O 'Clube dos Vinte' constou na relação de entidades beneficiadas com auxílio público pelo Governo do Estado para construção de sede própria (DOSP, 21/12/1954), que viria ser num terreno público destinado a esse fim, onde antes a velha cadeia, à atual praça Deputado Dr. Leônidas Camarinha, num 'endereçado' edital de arrematação, de 07 de novembro de 1955, fundamentado na Lei Municipal nº 8, de 31 de outubro de 1955, a tratar-se apenas de legalização posto o prédio inaugurado em já em 1956.
O Prefeito Cyro de Mello Camarinha, em Edital de Arrematação, com prazo de quinze dias, fez saber que a Municipalidade, nos termos da Lei Municipal 8/55, de 31 de outubro de 1955, 'venderia a quem melhor oferta fizesse, de um terreno situado à Praça da República, com área total de 765,40 m² medindo 37,20 metros de frente para a referida praça pública e confrontando de um lado com a propriedade de Célio Barbosa Martins, do outro lado com terrenos de Augusto Totti e pelos fundos com terrenos de José Mazzante'.
Com dificuldades financeiras e má administração o Clube dos Vinte encerrou atividades e processos que lhe foram movidos ainda tramitam na Justiça. O prédio onde antes a sede, após reforma e remodelação, abriga a Associação Comercial e Empresarial – ACE.
No 'Capítulo VII do Estatuto do Clube – Disposições Gerais', o seu artigo 35, informava: "No caso de extinguir-se ou dissolver-se o Club (art. 33 § unico) o seu patrimônio passara intacto, á Santa Casa de Misericordia".
Por referência dada, o artigo 33 e o seu parágrafo estão assim expressos: "Art. 33 – Os estatutos jamais poderão ser alterados no tocante á constituição do Conselho Diretor e suas atribuições. (...). § Único – Qualquer modificação levada a effeito contraria á disposição deste artigo importará na dissolução do Club (art. 35)".

2.4.12. Clube Social 'Soarema'
Nome dedicado, segundo as tradições, a Manoel Francisco Soares, cofundador da cidade.
De outra maneira, antigas memórias dão conta que o Soarema seria Suarema, apelido discriminativo ao clube com a junção do vocábulo português 'suor', e, 'rema' - do tupi com significado de 'fedido', daí 'suarema = suor fedido', que se tornou o parônimo 'soarema'.
—Na década de 1940, quando da fundação do clube, por incentivo ou imposição do Governo Vargas (1930/1945) proliferavam no Brasil os nomes regionais indígenas, alguns inventados, para topônimos de lugares ou de regiões geográficas - rios, vilas, cidades, povoações, logradouros e clubes. 
O 'Soarema' surgiu notícia em 1946 ao ocupar o prédio onde antes instalado o Cine Teatro Santa Cruz, um grande salão sem mobiliário algum, e o mezanino com as frisas – ou camarotes em nível acima da plateia. Situava-se na esquina da atual Rua Catarina Etsuko Umezu, ou Praça Deputado Dr. Leônidas Camarinha, com a Rua Conselheiro Antonio Prado.
Foi importante clube social dançante de sua época, que servia, ainda, para promoções de acontecimentos sociais, estudantis e políticos, através de locações, e os móveis podiam ser colocados conforme exigências ou necessidades daqueles eventos.
O 'Soarema', inscrito como 'Instituição Recreativa e Literária', constava na relação de entidades auxiliadas pelo Governo do Estado, assim, em 1954, de acordo com publicação em Diário Oficial do Estado de São Paulo (21/12/1954).
Aos 18 de agosto de 1955 pelo Ofício 386, da Delegacia de Polícia de Santa Cruz do Rio Pardo, foram suspensas as atividades recreativas e festivas no Clube Soarema, em face da instabilidade e insegurança do referido prédio segundo laudo de vistoria procedida pela Prefeitura Municipal.
Muitos santa-cruzenses têm lembranças dos bailes ocorridos no clube, e festas de formaturas e convenções partidárias – ano de referência 2013. Nome sempre presente em qualquer realização ou evento social, José Eduardo Piedade Catalano, como orador, apresentador, locutor, paraninfo e organizador de festas e recepções, tem as melhores lembranças do ecletismo do Soarema (Debate, 11/11/2007, entrevista com José Eduardo Piedade Catalano).
Em 1961, a Lei Municipal nº 378, de 06 de agosto de 1926, que permitia o uso daquele terreno da municipalidade pelo empresário Manoel Santos Ribeiro, foi revogada pelo descumprimento quanto às regras de segurança e outras estabelecidas, já há mais de dez anos, e o prédio encontrava-se em estado de ruínas, conforme texto da Lei Municipal nº 127, de 30 de dezembro de 1961, e ao empresário foi dado prazo de noventa dias, a contar da publicação da lei, para remoção dos materiais existentes no terreno, mas a retirada não foi imediata e, questionou-se a quem pertenceria a edificação.
Endividado, o 'Clube Soarema' encerrou atividades e o prédio foi 'adquirido' pela Municipalidade, no governo Carlos Queiroz, em troca de débitos tributários, e no local, após a reforma, foi instalada a Prefeitura Municipal, em 1967, oficialmente inaugurada em 1969, e ainda hoje no lugar – ano 2013.
Oportuno destacar que o terreno, onde funcionou o Cine Santa Cruz e depois o Clube Soarema, era patrimônio público municipal, originariamente cedido ao empresário Manoel Santos Ribeiro para nele construir um prédio para casa de espetáculos, de acordo com a citada Lei Municipal 378 de 06 de agosto de 1926.

2.4.13. Icaiçara Clube
Oficialmente fundado aos 27 de fevereiro de 1957, na residência do senhor José Osiris Piedade – Biju, o Icaiçara (Caboclo da Beira do Rio) teve esse nome por sugestão do professor Wilson Gonçalves. Tinha por objetivo ser sociedade literária e recreativa aos seus sócios; depois a isto seria acrescida a filantropia.
Com a elaboração estatutária elegeu-se o 1º Conselho Administrativo, aos 30 de novembro de 1958, assim composto por: dr. Derly Ribeiro, Jose Osíris Piedade – Biju, Alcides Rosso, dr. Waldomiro Ferreira Neves, Jose Antonio Ramos, Mario Moreira Martins, Ulysses Butgnoli, dr. Fernando Jose Santos e Alfredo Gonzaga de Oliveira. Também nesta data foi escolhida a Diretoria: Agenor Pereira de Oliveira – presidente; dr. Osmar Gonzaga de Oliveira – vice-presidente; Rubens Carmagnani – 1º secretário; dr. Clelio Zanoni – 2º secretário; professor João José Corrêa – 1º tesoureiro; e Renato Fraga Moreira – 2º tesoureiro.
Sua inauguração deu-se aos 30 de junho de 1959 com recepção aos associados e convidados, e o baile sob a animação da Orquestra de Silvio Mazzuca.
Pela Lei 8.099, de 07 de abril de 1964, o Icaiçara constou no rol de entidades inscritas para recebimento de auxílio do Governo do Estado de São Paulo, com os valores para o próprio Icaiçara Clube, para a Construção da Casa do Estudante, para a Festa do Peão, para Bolsa de Estudo e para as Damas de Caridade (DOSP, 09/04/1964).
O Icaiçara permanece em atividade (2020) e bastante ativo.

2.4.14. Umuarama Rádio Clube
Clube recreativo e cultural fundado em 1957, o 'Umuarama Rádio Clube' ganhou matéria jornalística (A Cidade, 14/07/1957: 2):
—"Inaugurou-se dia 8 p. [julho de 1957] mais um Clube em nossa sociedade, que nos vem proporcionar um melhor divertimento que tanto antes necessitávamos. Dizemos necessitávamos, e porque não temos no momento, nenhum que possa satisfazer as exigências que um Clube poderia conseguir.
Agora, com a inauguração oficial pelos diretores de nossa Z.Y.Q.-8, surgiu, para o contentamento da sociedade atual, a 'Umuarama Rádio Clube' que foi marcada com a realização de um grandioso baile ao ar livre, com a animação do famoso conjunto que ainda esta cidade não havia conhecido, Gorni e sua Orquestra.
Apezar do frio reinante náquela noite, muito esteve frequentado; suas dependências aglomeradas, suas mesas lotadas e os nossos dançarinos animados.
Com a quadra de esportes e danças, contruídos em terreno da Rádio Difusora local, digamos em poucas palavras: felicidade Umuarama Rádio Clube, parabens componentes da Rádio, e, nossos elogios, senhores Diretores!"

3. Outros clubes
Existiram clubes sociais, recreativos e literários em Santa Cruz do Rio Pardo do século XIX, além dos luaus residenciais, e festejos religiosos.
Dos recreativos, ainda no século XIX, antes da libertação dos escravos, os membros da 'Irmandade do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos' divertiam-se na sua sede, com suas externações sincréticas, reuniões convencionais e palestras.
No século XX alguns clubes associativos representavam entidades esportivas, por exemplos, a Associação Operária Santacruzense e a Atlética Santacruzense.
Tradições lembram que nos primeiros trinta anos do século XX, ainda era perceptível a discriminação social e racial em Santa Cruz do Rio Pardo, sabendo que o 'Clube Bar' ou 'Bar Massa' destinava-se aos afrodescendentes, no segundo andar do prédio situado à Travessa Manoel Herculano com a Praça Deputado Leônidas Camarinha, acessado por uma escada fora do edifício.
Em Santa Cruz existiu, nos anos de 1950/1960 o 'Clube de História – Economia Política e Ciência das Finanças do Instituto de Educação Leônidas do Amaral Vieira', chefiado pelo Professor (Dr.) Carmelo Salvador Francisco José Sigismundo Crispino, na década de 1960, ligado ao Deputado Estadual Leônidas. Pretendia-se uma obra sobre Santa Cruz do Rio Pardo e o professor Carmelo teria solicitado alguns livros camarários e não devolvido nem a história escrita.
O Clube de História recebia verba pública para sua manutenção (DOSP, 19/03/1964: 5, parte 1).

3.1. Clube de 'Ping-Pong'
Sob a presidência de Jandyra Trench, em 1922, em Santa Cruz funcionava o 'Clube de Ping-Pong', com sede própria, mencionado em reportagem esportiva sobre torneio realizado aos 21 de abril daquele ano, entre referido clube e o '15 de Novembro'.
Para conhecimento de quem eram alguns dos mesa-tenistas da época:
—"O jogo decorreu em meio de grande animação. Sahiram vencedores, por circumstancias especiaes, as turmas 'Club 15 de Novembro'. Ao lado do club vencido jogaram as gentis senhoritas: Carmem Barbosa, Noemia Silva, Regina e Maria Pimenta. O snr. Jandyra Trench, Presidente do 'Ping Pong', que é inconstestavelmente, o campeão deste sport em Santa Cruz, teve o seu jogo enormemente prejudicado por pequenos incidentes provocados pelos torcedores do '15 de Novembro'. Á directoria e aos jogadores de ambos os clubs os nossos parabéns." (A Ordem, 27/04/1922: 2).
O memorialista Neison Paulo Rios apresentou cópia de ata de fundação e diretoria de um Clube de Ping-Pong local datada de 18 de agosto de 1929 (CD: A/A):
-Presidente: João Baptista Ferreira;
-Vice-presidente: Elias Ribeiro;
-Tesoureiro: Joaquim Monteiro;
-Secretário: João Francisco de Vasconcellos;
-Capitão: Maurilles de Almeida;
-Orador: Pedro Catalano.
Tal clube certamente pela extinção do primeiro.

3.2. Clube de Natação e Regatas Rio Pardo
Santa Cruz do Rio Pardo teve um Clube de Natação e Regatas.
Na sede do Ideal Club, aos 27 de outubro de 1923, realizou-se reunião para a formação do Clube de Natação e Regatas Rio Pardo, presidida por Vasco de Andrade, e os organizadores José de Campos, Breno de Paula Leite e Jarbas Bueno (A Cidade 27/10/1923: 3).
O 'Ideal Club' seria entidade futebolística com sede social.

3.3. Cestobol
Existiu uma quadra esportiva para a prática de cestobol no terreno ao lado da Escola Normal Livre, na Avenida Tiradentes.
Os informes são poucos, e, apenas três equipes foram identificadas em Santa Cruz da época, sendo as equipes da Associação Ginazial [Ginasial] de Esportes - AGE, Associação Atlética Santacruzense – AAS, e a Associação Esportiva da Escola Normal - AEEN. Todas as equipes tinham o denominado 'Bandos Secundários', ou seja, um segundo time.
Informações publicadas em matéria intitulada 'Cestobol em Botucatu', destacou a Escola Normal de Santa Cruz do Rio Pardo campeã do Sul Paulista (Santa Cruz Jornal, 23/07/1933:1):
—"O Diario da Noite de quinta-feira, em nota de destaque registra o jogo havido, em Botucatú entre o Club Normalista e Lyceu A.C., sahindo aquelle, vencedor pela contagem de 20 a 14 e confirmando o seu titulo de campeão do sul do Estado.
Houve passeiata pela cidade e saráo dançante promovido por admiradores do Clube Normalista."
Em 1933 foi noticiado que a Associação Atlética Santacruzense, AAS, sagrou-se campeã de cestobol santa-cruzense, após duas vitórias contra a Associação Ginasial de Esportes, AGE, numa série 'melhor de três', e eram os cestobolistas: Serafim, Mardegan, Bada, Batista e Nêm – e o reserva Almeida, atletas da AAS; e pela AGE – time perdedor, Fontes, Carneiro, Dias, Alcides e Pierino, além do reserva Martins (Santa Cruz Jornal,19/11/1933: 4).
Na mesma disputa da série 'melhor das três' dos bandos secundários foi vencedor o AGE, com os atletas: Bide, Broch, Santinho, Martins e Aurelino. Pelo Atlético jogaram: Tião, Pavôa, Tonico Aquino e Apa, além do reserva Afonso.
A Associação Esportiva da Escola Normal, teve auxílio financeiro aprovado pelo Parecer nº 1.694/43, do Conselho Administrativo do Estado de São Paulo, referente ao Projeto [Municipal] de Resolução nº 1.582 de 1943, de auxílio financeiro à prática de esportes em Santa Cruz (DOSP, 17/10/1943: 7).

3.4. Futebol de Salão
O futebol de salão, atualmente mais conhecido com 'Futsal', é uma modalidade esportiva adaptada, com regras próprias, do futebol de campo para as quadras esportivas de escolas e ginásios esportivos, na década de 1930, aproveitando as quadras destinadas a outras práticas desportivas que não o futebol tradicional.
Não se sabe da prática desse esporte em Santa Cruz do Rio Pardo, anterior aos anos de 1950, quando o jovem José Eduardo Catalano - como diretor do Departamento Esportivo da Rádio Difusora, introduziu-o na cidade, formando uma liga para gerenciar campeonatos, sobretudo entre escolares - o campeonato intercolegial.
Duas quadras esportivas ainda lembradas em 2020, uma aos fundos do antigo imóvel onde então a Rádio Difusora - próxima ao edifício da Prefeitura Municipal, e outra na antiga Escola XX de Janeiro - atual Casa do Empreendedor e repartições públicas.
O 'futebol de salão' teve uma primeira agremiação extracolegial, o 'N'amarra', subdivido em equipes para disputas entre si, idealizado pelos adeptos 'Lineu Mastrodomênico, José Pedro Salgado Egreja, Wilson Gonçalves, Alceu Cesar, Oscarino Ramos, Fernando Santos e outros'. 
—(Fonte: A Gazeta Esportiva, 22/10/1956: 18).

4. Clubes de Serviços
4.1. Escotismo
Notícias em novembro de 1915 informavam do apelo do advogado dr. Pedro Soares de Sampaio Doria, para a fundação da Associação de Escoteiros de / em Santa Cruz do Rio Pardo, cuja proposta sustentada no sistema de valores preconizado pela Lei Escoteira, ou do Escotismo, de Baden Powell, através da dedicação ao aperfeiçoamento físico, moral e comportamental dos adolescentes, com rigor hierárquico e ética paramilitar, além dos exercícios no campo, adaptações e convivências com a natureza e as práticas sociais, com importante participação na sociedade santa-cruzense (O Contemporaneo, 27/11/1915:1).
Dois anos depois constituía-se a Diretoria da Comissão Regional de Escoteiros de Santa Cruz do Rio Pardo:
—"Presidente honorário – Cel. Antonio Evangelista da Silva.
Presidente – Cel. Raymundo Vianna
1º Vice-presidente – Dr. Alvaro Camera
2º Vice-presidente - Sr. Antonio Botelho de Souza
1º Secretario - Prof. Plinio Paulo Braga
2º Secretario - Luiz Octavio de Souza
Thesoureiro - Sr. Constancio Carlos da Silva
Vogaes - Dr. Antonio Viotti, Sr. Ernesto Porciuncula, Sr. Jorge Chedid, Sr. Carlos Kühne e Sr. José Ferreira Nenê."
—O Contemporaneo, 11/10/1917: 2).
Em 1929, eram setenta os escoteiros santa-cruzenses representados pela sua Comissão denominada 'Garcia Rodrigues Paes' (A Cidade, 15/09/1929: 1). A mesma folha destaca naquele número a representatividade dos escoteiros santa-cruzenses nas comemorações das festas da independência, em São Paulo:
—"Em 7 de setembro a nossa luzida representação tomou parte na grande parada esportiva ao lado de 50 mil esportistas e militares, voluntarios, desfilando com enthusiasmo na immensa avenida Carlos de Campos, onde uma multidão incalculavel se achava em massa assistindo aos festejos da maior data nacional. No regresso da parada, os nossos escoteiros visitaram alguns pontos da cidade, tornando, em seguida, ao Quartel do 1º Batalhão a fim de repousarem".
Na continuidade da reportagem informa aquele hebdomadário que, aos 8 de setembro, realizaram um passeio a Santos, assim informado: "em bonde especial rumaram os escoteiros à praia José Menino, permanecendo alli durante duas horas, jubilosamente admirando com proveito e encantamento".
O mesmo semanário destacou o retorno dos escoteiros a Santa Cruz:
—"(...) quando a locomotiva silvou victoriosa, ao approximar-se, toda aquella multidão inquieta qua alli se achava sentiu u fremito de enthusiasmo. E, o comboio, então vem chegando, resfolegando, trazendo uma embaixada triumphante. A expectativa geral recrudesce, e a banda musical faz vibrar o sentimento de todos com as notas sonantes de uma bellissima marcha. Todos se acotovelam para esperar a sua luzida Comissão de Escoteiros. Alli estavam as altas autoridades locaes, os alumnos da Escola Normal, do Grupo Escolar e elevado numero de pessoas, cerca de 40 automoveis buzinaram demoradamente. Sob os applausos demorados dos presentes, e num apice de emocionante confraternisação os escoteiros, sorridentes, alegres, deixaram os carros".
Nesta recepção discursou Dr. Cesar Sampaio e "Muitos choraram de contentamento; todos os corações foram tocados de emoçoes profundas ...". 
Às palavras do Dr. Sampaio:
—"Respondeu o discurso o prof. Mario Gualberto, diretor do Grupo Escolar. No calor daquela scena suas palavras impressionaram os presentes que ainda romperam em applausos ao jovem educador que, sensibilizado, colhido de intensa vibração civica, exaltou a bondade e o civismo d'um povo culto".
Também o jornal mencionou as saudações proferidas pelo professor Cornelio Martins, e, em seguida, agradece ao deputado Leônidas "um grande amigo do escotismo que se desdobrou em actividade para que a Commissão de Escoteiros tivesse todas as commodidades", ao prefeito Avelino Taveiros "que incentivou a ida dos escoteiros e acompanhou a excursão com o mais vivo interesse", e de maneira geral a todas as demais autoridades paulistas e locais que tornaram sucesso aquele evento, que bem evidencia a Santa Cruz do Rio Pardo, daquela época, eivada de civismo e de entusiástico orgulho dos seus valores e dos seus representantes.

4.2. Rotary Club
O Rotary apresenta-se, tecnicamente clube de serviço tanto voltado ao bem estar e a promoção de interesses de seus sócios, quanto, pelo bem servir, a cooperação social pelos serviços e auxílios à comunidade e o relacionamento internacional.
Suas ações consolidam-se na prestação de serviços de natureza assistencial ao dia-a-dia das famílias: a promoção social, a saúde e a educação.
—"Quando o Rotary retira menores das ruas, assiste portadores de deficiências e enfermos, patrocina alfabetização, luta pela ética nos negócios e nas profissões, toma iniciativas para proporcionar condições de cidadania, ou quando cria os Centros Rotary de Estudos Internacionais da Paz e Resolução de Conflitos e promove intercâmbios de jovens, de amizade e de grupos de estudos, está atuando em favor da sociedade, usando seu poder secular e renovado para a paz e a compreensão mundial".
Uma das mais importantes contribuições rotarianas em todo o mudo, pela Fundação Rotary, é a luta no sentido da erradicação da poliomielite, em conjunto com a Organização Mundial de Saúde e a Unicef, iniciada em 1988.
O Rotary Club santacruzense teve início experimental ou caráter provisório em 1963, conforme praxe, com diploma admissional aos 6 de dezembro de 1964, com os sócios representativos:
—"Antonio Carlos Bertoncini, comerciante; Antonio Leme da Silva, gráfico; Antonio Carlos Prezzoto, agricultor; Antonio Vuolo Sobrinho, comerciante; Aquino Rosso, fazendeiro; Calil Ali, médico; Carlos Queiroz, comerciante; Cyro de Mello Camarinha, advogado; Clélio Zanoni, cirurgião-dentista; Éder Gonçalves, cirurgião- dentista; Elmo Palloni, funcionário público - chefe do posto fiscal; Franco Pelegrino, comerciante; Georgino Macedo Coelho, agrônomo; Ginez Garcia Fernandes, comerciante; Guido Martins Moreira, administrador agrícola; Henrique Vieira de Almeida, professor; Idílio Sonego (frei Antonio), sacerdote; João Adauto Pinhata, cartorário; José Carlos Nascimento Camarinha, engenheiro civil; José Eduardo Piedade Catalano, radialista; Luiz Distrutti, comerciante; Maurício Pompéia Fraga, advogado; Pedro Vargas Perez, comerciante; Samuel Martins Figueira, médico; Saulo do Vaz Esteves de Almeida, fazendeiro; Teruichi Suzuki, engenheiro químico; Walter Rosa de Oliveira, advogado; Wilbur Kolb Hunnicutt, fazendeiro; e Wilson Gargioni, fazendeiro."
Oficialmente instalado teve sua primeira diretoria:
—Presidente: Antonio Carlos Bertoncini;
Vice: Dr. Calil Ali;
1º Secretário: Teruichi Suzuki;
2º Secretário: José Carlos Nascimento Camarinha;
1º Tesoureiro: Eder Gonçalves;
2º Tesoureiro: Carlos Queiroz;
Diretor de Protocolo: Luiz Distrutti.
Embora a participação feminina na 'Associação de Famílias de Rotarianos – AFR', também em Santa Cruz – 'AFROSC', as mulheres não podiam ser membros do Clube, a despeito das atividades praticamente paralelas, sobretudo no campo do assistencialismo e filantropia e até participação financeira – pela própria família. O Rotary deixou a exclusividade masculina em 1989 e, em Santa Cruz do Rio Pardo, no ano de 2004, a advogada Ana Paula Tondim Stramandinoli Lemos Ferreira, foi a primeira mulher ocupar a presidência do Rotary local.
O maior destaque rotariano santa-cruzense, José Eduardo Catalano, sócio fundador, já foi governador do distrito 4620, além de presidente local e ocupante de diversos cargos internos em Santa Cruz e âmbito distrital.
Ideológico, o Rotary é clube de serviços 'comunitários' em forma de associação sem fins econômicos, e de natureza privada.


4.3. Lions Club
O 'Lions' é uma organização internacional com objetivo maior em servir suas comunidades, atender às necessidades humanas, fomentar a paz e promover a compreensão mundial.
Oficialmente definido "É um movimento universal que congrega homens e mulheres de elevação moral e espiritual, motivados pela sã necessidade de servir desinteressadamente a uma comunidade e aos seus semelhantes" – e 'Noções sobre o Leonismo'.
O 'Lions' é considerado "a maior organização de clubes de serviço do mundo" e seus associados são participantes de programas de serviços sociais comunitários, em todas as necessidades humanas, além do fomento à paz mundial.
Como clube de serviço, de associação hierarquizada e composta de sócios voluntários, o 'Lions' parece bastante próximo do Rotary quanto aos propósitos e organização, à semelhança do qual o destaque principal firmado no tripé: servir, paz e compreensão mundial.
O 'Lions' de Santa Cruz foi fundado aos 21 de setembro de 1964, tendo por objetivo filantrópico o atendimento aos necessitados (A Folha, 21/03/1965: 1). A fundação deu-se em caráter provisório e, em data de 28 de fevereiro de 1965, noticiou-se:
—"O Lions Clube desta cidade festivamente comemorou a 21 do corrente o recebimento de sua carta constitutiva, passando assim de entidade provisória definitiva.
Fundado por uma plêiade de homens empreendedores, este clube de serviços que tanto já fez em tão pouco tempo de existência, vê de uma vez por todas o seu ideal concretizado com a entrega da referida carta constitutiva, pelo governador sr. Halley Penteado, do Distrito L-12, ao qual o mesmo pertence." (A Folha, 28/02/1965: 1).
Dr. Osmar Gonzaga de Oliveira foi o primeiro presidente do 'Lions' local. Em reunião de 26 de maio de 1965, procedeu-se a eleição para as escolha de membros para a nova diretoria - exercício 1965/1966, com a reeleição do dr. Osmar Gonzaga de Oliveira para presidente, também a reeleição de Glauco Caravieri como tesoureiro. Outros integrantes: Idarilho Gonçalves do Nascimento, dr. Aparecido Rodrigues Mouco, dr. Nelson Bussanra, Felipe Saliba, Joaquim Severino Martins e José Teófilo de Queiroz (A Folha, 13/06/1965: 4).
Nos anos de 1970 o 'Lions' encerrou atividades em Santa Cruz pela aparente inércia de seus membros.
Ao empenho de Áureo Ferreira da Silva e um grupo de companheiros seus, aos 16 de junho de 2009 ressurgiu em Santa Cruz do Rio Pardo o 'Lions Club', sob a identificação 'RI 105732', jurisdicionado ao 'Distrito LC-8' - área geográfica abrangida.
O 'Lions' local teve início com vinte e três associados, fundadores empossados, sendo a senhora Tânia de Andrade Nunes Silva. Adotou o nome do sertanista / humanista Orlando Villas Boas, nascido em Santa Cruz do Rio Pardo e destaque mundial defesa dos povos indígenas do Brasil.
É um clube com participação comunitária/social em Santa Cruz cuja Diretoria em 2011 apresentava-se assim constituída:
—Presidente: CL Wilson Ferrazini Junior; CaL Rita de Cássia Vasconcelos Silva Ferrazini
Secretária: CaL Tânia de Andrade Nunes Silva; CL Áureo Ferreira da Silva
Tesoureiro: CL Wilson Vanderley Bacocini; CaL Luciane Delfino Nogueira Bacocini
Diretora de Associados: CaL Dirce Benatti Zimak; CL Marco Jorge Zimak.
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