sábado, 20 de julho de 2013

1889 - REVOLUÇÕES E MOVIMENTOS ARMADOS

Revolução Federalista de 1893 - o Sertão se levantou contra o Rio
Grande do Sul - mas a 'guerra não passou do Paraná'
https://www.gazetadopovo.com.br/
Alguns conflitos afetaram Santa Cruz e sua gente, como a 'Guerra com o Paraguai - 1864/1870)', conforme já descrito (http://satoprado-ebook.blogspot.com/2013/07/processo-migratorio.html).

1. Golpe Militar de 1889 - a proclamação da república
A notícia que o Brasil era república, e não mais império, chegou à câmara dez dias após o golpe militar de 1889, conforme ata da sessão extraordinária de 26 de novembro de 1889, com o registro do pronunciamento de seu então presidente, coronel Emygdio José da Piedade.
Santa Cruz não sofreu perda ou qualquer dano político de proporções com a instauração da república, senão as consequências do primeiro momento, com o fechamento do legislativo, mas depois fortemente compensada pela força dada ao coronelismo e a formação do 'Conselho de Intendentes ou a Intendência', além das novas dimensões para os membros da sua Guarda Nacional.
Regionalmente, e Santa Cruz era a principal sede política, o advento republicano consagrara, de vez, o sistema capitalista firmado em acordos com as oligarquias locais ou regionais, através da Guarda Nacional, na denominada 'política dos coronéis' que garantiriam a 'política dos governadores' e estes o 'poder central'.
Com a exclusão social, o segregacionismo e as regras impossibilitadoras de a oposição chegar ao poder, Santa Cruz firmou-se árdua defensora do sistema implantado, primeiro com o coronel Marcello Gonçalves de Oliveira, republicano da velha guarda, ou seja, antes do golpe militar de 1889, e depois com o coronel João Baptista Botelho, republicano após o golpe.
No entanto, as brigas internas pelo poder dentro do PRP local, tão logo proclamada a república, criaram disputas internas. O coronel Marcello Gonçalves teve dificuldades com o coronel João Baptista Botelho, porém Gonçalves fortaleceu-se com as chegadas das famílias Costa e Sodré, influentes no governo republicano.
Nestas condições, em 1893 a dita velha guarda republicana santa-cruzense recorreria às armas em defesa tanto do território paulista quanto a favor do presidente marechal Floriano Peixoto, então ameaçado pelos federalistas rio-grandenses-do-sul, sob o comando do almirante José Custódio de Melo [Mello].

2. Revolução Federalista - 1893
Em 1892 teve início o levante armado no Rio Grande do Sul e, em 1893, com a adesão paranaense, avançava em direção ao Vale do Paranapanema com perigos iminentes para o território paulista fronteiriço. O paulista armou-se em defesa, entre o Itararé e o Tibagi.
O deputado Emygdio José da Piedade, por muitos anos o representante maior santa-cruzense, eleito em sucessivas e alternadas legislaturas, vinculado ao "EstadoMaior do Comando Superior da Guarda Nacional, assumiu o exercício do Comando Superior em outubro de 1893, dirigindo a organização de diversos batalhões e dos contingentes que marcharam para Itararé, Ribeira e Paraná, em defesa do Estado de São Paulo e da República, ameaçado de invasão pelos rebeldes do Rio Grande do Sul." (Aluízio de Almeida, 1960: 53).
Segundo a história regional, o coronel Francisco Sanches de Figueiredo, no Movimento de 1892/1893, oficiara o 'comandante em chefe das tropas' de São Paulo, o coronel Emygdio José da Piedade "receando que as nossas fronteiras sofressem o insulto da invasão do inimigo que se achava em Tibagi, cuja povoação havia aderido ao movimento revolucionário, organizava um batalhão de guardas nacionais voluntários, para guardar as fronteiras do Tibagi." (Giovannetti, 1943: 102). O autor Giovannetti não cita o nome de Emygdio José da Piedade.
O gesto do coronel Sanches o levou como herói à presença do presidente de São Paulo onde expôs os perigos "que os sertões do Paranapanema viessem a soffrer com a invasão das tropas federalistas." (Nogueira Cobra, 1923: 118-119). Sanches, unido ao coronel Emygdio, conquistara o apoio necessário para armar homens e guarnecer sentinelas do lado paulista em pontos julgados vulneráveis.
O coronel campos-novense recebeu do governo algumas dezenas de carabinas, munições e 60 contos [de réis] em dinheiro, importância retirada diretamente do 'Tesouro do Estado', uma grande soma para a época, da qual o coronel afirmou 30 contos recebidos, e que achara "exquisito o caso, mas não teve remédio senão concordar com a divisão a meio, pois que o sócio era graúdo, cujo nome declinava; contra esse, cousa alguma podia fazer." (Nogueira Cobra, 1923: 120, notas 1).
Emygdio seria o 'sócio graúdo'. 
Finda a revolução não havia dinheiro para restituir, enquanto as carabinas e munições restantes ficaram sob a guarda do Coronel Sanches, e não houve nenhuma prestação de contas. Consta, no entanto, que Sanches armou seus voluntários, intimou outros, mais de duzentos homens postos diante da barra do Tibagi, por alguns meses, durante os quais nenhum só tiro de batalha (Nogueira Cobra, 1923: 120).
A oficialidade nega qualquer combate nas divisas do Paraná - São Paulo, consequente da 'Revolução Federalista', todavia admite a participação de líderes regionais com fortes contingentes armados e postados ao longo do rio Paranapanema, para a proteção do solo paulista e contenção do avanço inimigo, com gastos do governo paulista para aquisições de armas e munições, além de grande soma em dinheiro para manutenção de tropas por longos meses.
Santa Cruz teve seus heróis na 'Revolução Federalista de 1893', seis deles, engajados no 2º Batalhão de Voluntários Paulistas, recebidos como heróis pelo coronel Marcello Gonçalves de Oliveira, em sua residência, o sargento Francisco de Vasconcellos Junior, 2º tabelião de Santa Cruz; o Joaquim Igayara - suplente de delegado de polícia, que foi da brigada do 2º batalhão; o Alberto M. Santos, não identificado, mas que, em sua saudação brindou "ao capitão da 1ª Companhia de seu batalhão, o dr. Augusto Costa, nosso distincto e exmo. juiz de direito, sendo este brinde enthusiasticamente feito e correspondido." (Correio Paulistano, edição de 18/07/1894: 2).
Outro voluntário foi o cabo nº 11, Virgilio Castanho que saudou dona Maria Leopoldina de Oliveira - presente na reunião, pelo regresso de seus dois filhos, Francisco e Antonio de Oliveira Lima, igualmente partícipes da revolução.
Igayara esclareceu e enalteceu o papel do coronel Marcello Gonçalves de Oliveira - comandante geral da Guarda Nacional de Santa Cruz, e do juiz de direito, dr. Augusto José da Costa, promotores da ida dos voluntários à frente de batalha.

3. A 1ª Guerra Mundial - 1914/1918
O Brasil envolveu-se oficialmente no conflito no dia 26 de outubro de 1917, e não consta presença de algum santa-cruzense na linha de frente, porém, de pronto a 'Comunidade Sírio-libanesa' local fez doações para a Cruz Vermelha, no valor de 1 conto e duzentos mil réis, e para o Tiro [de Guerra] 451, de Santa Cruz, entregues ao tesoureiro Florberto Cruz, quinhentos mil réis (O Contemporaneo, 29/11/1917: 1).
O gesto da comunidade foi reconhecido pela grande imprensa brasileira, noticiando que o cirurgião-dentista, Donato Ferreira, foi o encarregado a entregar "a importância de 500$ como auxilio à linha de tiro local e 1:200$ à Cruz Vermelha Brasileira, secção de São Paulo." (Correio Paulistano, 01/12/1917: 10).
A 'Comunidade Sírio-libanesa de Santa Cruz' era representada pelos comerciantes João Queiroz, José Queiroz e Jorge Chedid, e concorreram às doações os contribuintes: 'João Queiroz e Filhos, Jorge Chedid e José Queiroz, com 300$000 cada; José Kalife, 250$000; Sociedade Libaneza, 150$000; Nagib C. Queiroz, José Miguel, Ayub Isper, 100$000 cada; Manzur Queiroz, João Mekbech Queiroz e Abrãao Jorge, 50$000 cada'.
Outro acontecimento referente à grande guerra "consta que na fazenda do sr. Theodor Wille, no districto de paz do Oleo se encontram refugiados varios marinheiros alemães" (Correio Paulistano, 14/11/1917: 7).
Assunto delicado e do qual os autores não encontraram outras notícias ou referências, mas é correto que as empresas de Theodor Wille e suas associadas exerciam desmedidas influências junto ao governo brasileiro e governos de estados, apesar da prisão de espiões alemães no Brasil, destacados "Johann Karl, empregado da casa Lakepp, e Fritz, da casa de Theodor Wille." (Correio Paulistano, 13/02/1917: 2).
O Óleo, à época, era distrito santa-cruzense.

4. Revolução de 1924
O tenentismo paulista aos 05 de julho de 1924 promoveu levante, sob a liderança de Isidoro Dias Lopes - o 'Marechal da Revolução', como desdobramentos de movimentos precursores e insatisfação da classe média urbana contra o governo.
Tratava-se de movimento para deposição do presidente Arthur Bernardes, e instalar novo governo nos padrões da democracia liberal.
Em Santa Cruz do Rio Pardo a notícia foi divulgada pela imprensa no dia 12 de julho de 1924, sem muitas distinções das verdades e dos boatos que chegavam desde as últimas horas do dia 5, que em São Paulo - Capital, o exército rebelara-se e havia tomado posições contrárias ao governo paulista forçando-o não se juntar às forças federais.
Também se comentava as interceptações dos revoltosos nos meios de comunicações, correspondências e notícias diversas, ou que os regimentos de Santana, Quitaúna e Itu tomaram as armas e entraram em conflitos com as forças legais - marinha e exército, e que as forças rebeladas de Mato Grosso e dos estados do sul haviam prendido os presidentes dos respectivos estados, e o comandante da 'Região Militar de São Paulo', "e com esses boatos correram muitos outros, a que entretanto, nenhum crédito se poderia dar, porquanto nos não chegavam de fontes seguras", conforme informava o hebdomadário 'A Cidade' (edição de 12/07/1924: 1).
Naquela semana, informações pela mesma fonte, "os trens de passageiros estão correndo apenas até Sorocaba, havendo interrupção do telegrapho."
'A Cidade', edição de 12/08/1924, noticiava que os rebeldes apossaram parte da 'Estrada de Ferro Sorocabana', após Sorocaba rumo ao interior, espalhando-se pelas cidades saqueando as repartições públicas e estações ferroviárias, arrecadando grandes somas em dinheiro. Consoante informações, o líder político Leônidas do Amaral Vieira e o dr. Vasco de Andrade estavam em Itapetininga patrioticamente incorporados às "forças legaes que operaram contra os revoltos naquelle sector."
Santa Cruz viu-se assolada pelos acontecimentos de 1924, com os atos que "Orestes C. de Castro - Tenente. Figura saliente nas forças revolucionarias, praticou violentas extorsões. Assaltou a Collectoria federal em Santa Cruz do Rio Pardo, onde extorquiu da Camara a importancia de vinte contos de réis" (Estado de São Paulo, 02/01/1925: 4-6), num cheque, que se sabe, assinado pelo prefeito dr. Pedro Cesar Sampaio (Movimento Subversivo de Julho, 1925: 241).
Tratava-se do revolucionário Orestes Corrêa de Castro e a horda rebelde em fuga das tropas legalistas, ocupando cidades servidas pela ferrovia, ou a ela adjacentes, com extremada violência e aterrorizando populações, conforme a mesma reportagem: "Em Ourinhos, a ponte que liga os Estados de São Paulo e Paraná ficou inutilisada, tendo sido incendiada e dynamitada. Todas as cidades da zona, Piraju, Santa Cruz do Rio Pardo, Assis, Presidente Prudente, etc, sofferam vexames das requisições, violencias e damnos."
Depreende-se da edição do semanário A Cidade, de 03 de setembro de 1924, os transtornos no município com a presença dos Revolucionários – 'Levante Militar de 1924' – em Santa Cruz do Rio Pardo, liderados tanto por Orestes Correa de Castro quanto por João Cabanas, inclusive a folha suspendendo suas atividades: "(...) tivemos, mau grado nosso, de suspendel-a ha tres semanas (...)."
(...).
Orestes Corrêa de Castro suicidou-se em Buenos Aires, Argentina, em praça pública, onde refugiara-se em 1925, aos 31 anos de idade, sob a identidade de Paul Drapier de Castro, por motivos nunca suficientemente esclarecidos (Diário Nacional, SP, 10/09/1927: 5). Outro dos líderes da revolução, João Cabanas, permaneceu por alguns dias na região de Santa Cruz, e descreveu essa sua passagem com detalhes, de sua amizade com o Octacilio Piedade e o pressentimento de traição desse seu amigo e, de resto a família Piedade, denunciadores de sua presença às tropas do governo acolhidas pela família em Espírito Santo do Turvo.
Cabanas narrou os saques a repartições públicas na região, as suas conversas com os políticos e descreve, em detalhes, encontro com autoridades santa-cruzenses, mencionando o líder político, o promotor e o delegado de polícia, dos quais suspeitou sobre possível atentado que sofreria na estrada entre Santa Cruz a Ourinhos, detendo os três e deles obtendo a delação: "Amedrontados me confessaram, que effectivamente haviam outros que não elles preparado uma emboscada no caminho, e que havia em Espirito Santo do Turvo uma força governista" (Coluna da Morte, publicação Folha do Povo, Maranhão, 20/11/1926: 2).
O revolucionário não citou nomes, apenas os cargos, e por aí identificados o Viriato Carneiro Lopes - promotor público local desde 03 de maio de 1924; o Athos Ribeiro - delegado de polícia nomeado pelo Decreto de 09 de maio de 1924; e o chefe político na ocasião, dr. Pedro Cesar Sampaio, prefeito eleito pela Câmara (A Cidade, 25/01/1924: 1). Sempre que o líder político Leônidas do Amaral Vieira se ausentava do município, o dr. Pedro Camarinha era o seu substituto político natural, porém desde junho de 1924 o mesmo residia em São Paulo (Correio Paulistano, 1º/07/1924: 4), e o dr. Pedro Soares Sampaio Doria - presidente da câmara, havia se retirado temporariamente, restando o prefeito Pedro Cesar Sampaio.
O advogado Pedro Camarinha retornaria a Santa Cruz no ano seguinte (Correio Paulistano, 13/06/1925: 4).
O atentado contra Cabanas, então, fracassou com a mudança de itinerário, e conhecido o autor da tocaia, Agnello de Souza, o Araruama, em combinação com o Coronel Clementino Gonçalves, de Espírito Santo do Turvo, conhecedor da região.
A demora de Cabanas impacientara seus companheiros, imaginando-o preso em Santa Cruz pelas tropas governistas, "a ponto de abandonarem as trincheiras, seguindo rumo áquella cidade", e Santa Cruz foi então sitiada por homens dispostos:
—"Armados de duas metralhadoras pezadas e dois fuzis metralhadores dispostos varrerem a cidade a bala, se eu não aparecesse. Felizmente cheguei a tempo de mandar um proprio com a ordem de fazer essa força retroceder." (Op.cit. Folha do Povo, 23/11/1926: 2, palavras de Cabanas).
O Chefe da Estação Sorocabana de Santa Cruz chegou com o dinheiro restante requisitado por Cabanas, e então os três prisioneiros e um quarto, cunhado do ferroviário, foram libertos.
Leônidas do Amaral Vieira, confirmaria a passagem de João Cabanas por Santa Cruz: "(...) cuja Camara foi extorquida na quantia de vinte conto de reis, pelos mashorqueiros de 1924 à frente dos quaes estava Cabanas sob ameaça de saque e depredações quando assolavam esta zona em fuga desabalada para o porto Tibiriçá" (Diário Nacional, São Paulo, 16/09/1927: 1).
As ocorrências de 1924 foram traumáticas, desgastantes e desmoralizadoras para a câmara e a prefeitura.
Acontecimento polêmico, consequente, dizia respeito da fuga do presidente da câmara, dr. Pedro Soares de Sampaio Doria, quando Santa Cruz do Rio Pardo 'ocupada' pelos revoltosos. Depois o Presidente tentaria se explicar, no plenário, que a ausência ocorrera em razão de sua família encontrar-se na Capital do Estado, quando da rebentação revolucionária, e que para lá dirigira-se em data de 08 de julho de 1924.
É fato conhecido que dona Ada, esposa do Dr. Sampaio Doria dera à luz, em São Paulo, a primeira filha do casal - Maria Sylvia, aos 05 de junho de 1924 (Correio Paulistano, 1º de julho de 1924: 4).
O Presidente Sampaio Doria teve muito que explicar e jamais convenceu o motivo de sua não presença no município, quando da chegada dos sediciosos de 1924.

5. Revolução de 1930 
Para a eleição presidencial de 1º de março de 1930 o governo municipal de Santa Cruz do Rio Pardo, representado por Leônidas do Amaral Vieira, compromissara-se com a candidatura presidencial do paulista Julio Prestes, seguindo decisão do presidente Washington Luís e orientações de Ataliba Leonel - líder político regional, acabando com a alternância São Paulo/Minas Gerais na presidência da república, conhecida política do 'café com leite' ou do 'PRP/PRM'.
O presidente Washington Luís, ao contrário do acordado, não indicou o mineiro Antonio Carlos Ribeiro de Andrade como o seu sucessor, e o preterido articulou, então, candidatura de oposição, com apoio do Rio Grande do Sul e outros estados, combinando o gaúcho Getúlio Dorneles Vargas para Presidente e o paraibano João Pessoa para vice, na denominada 'Aliança Liberal', com discurso empolgante de se reinstituir o voto secreto, anistia política, regulamentações trabalhistas, e outras promessas assistencialistas. Julio Prestes, com 1.091.709 votos ganhou as eleições, enquanto Getúlio obteve 742.794, a despeito de quase 100% dos votos gaúchos, contudo sob suspeições de fraudes e o não reconhecimento oficial dos deputados eleitos onde a 'Aliança Liberal' fez-se vitoriosa, criou-se o impasse com início conspiratório a partir de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Naquilo que interessa para Santa Cruz e região, a 'Revolução de 1930', ainda merece melhores estudos, no entanto sabe-se que a localidade foi mobilizada e sediou tropas do 'Batalhão de Resistência Ataliba Leonel', informado pelo semanário 'A Cidade': "Temos visitado diariamente o quartel onde se acha concentrada a força de voluntarios, installada no Grupo Escolar desta cidade." (A Cidade, 19/10/1930: 1).
O 'Batalhão Ataliba Leonel' era constituído de voluntários e militares da reserva aliados aos soldados da 'Força Pública do Estado de São Paulo' e aos militares do exército que permaneceram fiéis ao governo federal, para garantia de estabilidade política e, talvez mais que isto, garantir a posse do paulista eleito presidente, dr. Julio Prestes, porque assim Ataliba Leonel chegaria à chefia do governo paulista.
Pela mesma publicação em 'A Cidade', aos 12 de outubro de 1930, os voluntários sediados em Santa Cruz, antes da partida para as frentes de combate, seguindo o capitão ajudante de ordens, Antonio Nogueira - depois coronel, apresentaram-se juntos às autoridades constituídas, "primeiramente ao Deputado Leônidas Vieira, Comandante do Batalhão" e o demais presentes lembrados, dr. Sylvio Marcondes - juiz de direito; dr. Braz Di Francesco - delegado de polícia; dr. Viriato C. Lopes - promotor público; Avelino Taveiros – prefeito; além do dr. Pedro Camarinha - presidente da câmara e alterego de Leônidas do Amaral Vieira.
Não foi simples aventura de liderados e nem bravata de Leônidas do Amaral Vieira - líder vinculado ao Ataliba Leonel, a expressão maior do movimento regional em curso, e entre tantos soldados, "Mais de cem voluntários de Botucatu se incorporam ao 'Batalhão de Legionários de Santa Cruz do Rio Pardo', sob comando do coronel Leônidas Vieira, contra as forças revolucionárias" (Pupo: II - 1918-1948: 134).
Os soldados partiram de Santa Cruz em socorro à tropa legalista regular, derrotada pelos revoltosos nos confrontos de 12 e 13 de outubro, em Quatiguá, região paranaense de Jaguariaíva. Talvez estratégia, a tropa de São Paulo então recuou para as divisas de São Paulo onde certo o socorro dos voluntários e tropas sediadas, esperando-se grande confronto em Itararé e trincheiras ao longo do Paranapanema.
Dissipando preocupações dos santa-cruzenses e dos combatentes, o deputado Leônidas do Amaral fez veemente pronunciamento que as tropas inimigas não ultrapassariam do Paranapanema e não entrariam em território regional santa-cruzense: "AQUI, NO PARANAPANEMA, O INIMIGO NÃO PASSA, eu vol-o affirmo com a certeza de quem conhece e acompanha de perto o movimento em conjuncto das forças que lhe dão combate" (A Cidade, 01/10/1930: 2).
Na escapada os legalistas destruíram pontes e pontilhões, danificaram trilhos da estrada férrea e até incendiaram vagões e veículos para conter o avanço dos revoltosos ao encalço.
Também dinamitaram a ponte pênsil rodoviária 'Manoel Alves de Lima', de ligação entre Chavantes e Ribeirão Claro, e incendiaram balsas, barcos e canoas que serviam para a transposição do Paranapanema, e assim, impedindo a entrada no estado paulista, atraíram os revoltosos para os lados de Carlópolis - PR e Itararé - SP.
A ação mostrou-se eficaz. Por telegrama de 17 de outubro de 1930 a Secretaria do Interior comunicou ao prefeito, os resultados em Itararé:
—"Nossa força se bateu com grande galhardia e continua em perseguição da colunna derrotada que foge desmoralizada. Nossa aviação militar agiu brilhantemente destroçando organizações inimigas, destruindo trens de reforços e pondo em debandada forças que nos hostilisavam." O mesmo documento anunciava, noutra região, a vitória paulista contra os mineiros: "Communicação recebida agora de Mococa informa terem nossas forças tomado Guaranesia e Guaxupé aprehendendo vários trens e copiosa munição, tendo feito muitos prisioneiros."
A eficiente reação ou presunção paulista frustrou-se com a deposição e prisão de Washington Luiz, num golpe de estado promovido pelos generais e almirantes, sob a argumentação de se evitar maior derramamento de sangue.
Os paulistas, juntamente com os legalistas de primeira ordem, perderam a 'Revolução de 1930', e Julio Prestes não tomou posse, enquanto Getúlio assumiu o governo provisório (1930/1934).
A chegada de Getúlio ao poder colocou fim às aspirações de Ataliba Leonel, o ícone da 'Revolução Paulista de 1930', escolhido pelo PRP para o governo de São Paulo, e do deputado Leônidas do Amaral Vieira já sugerido para a sucessão seguinte do governo paulista, quando Ataliba buscasse a presidência do país.
Leônidas do Amaral Vieira, Pedro Camarinha, Leônidas Camarinha e outros santa-cruzenses, entre as centenas de paulistas, foram presos em causa da 'Revolução de 1930' (Correio Paulistano, 08/10/1934: 1).

6. Revolução Constitucionalista de 1932
Aos 24 de fevereiro de 1932 'A Cidade' publicou artigo, duas partes, de diferentes autores, evocando a 'Revolução de 1930' e o não cumprimento do governo central com as combinações políticas inseridas na solução pós conflitos, ou seja, adoção de medidas econômicas nacionalistas, especialmente de bancos estrangeiros e riquezas minerais, e o retorno à normalidade constitucional, através de eleições diretas.
A primeira situação era a exigência militar tenentista, o 'Clube 3 de Outubro', defensor de sistema ditatorial de governo, e a segunda a pretensão paulista de restauração de sua hegemonia política ou o retorno da política dos governadores.
Por si as pretensões não combinavam e a crise agravou-se com a nomeação do pernambucano tenente João Alberto de Lins Barros como interventor em São Paulo, tida humilhante e invasiva, levando à união do Partido Democrático e o Partido Republicano Paulista, antagônicos, sob a égide 'Tudo por São Paulo', exigindo imediata reconstitucionalização brasileira, com agouros separatistas, agravado com a nomeação do general Isidoro Dias Lopes no comando da 2ª Região Militar de São Paulo, e do major Migues Costa para a 'Força Pública do Estado', ambos contrários a São Paulo nas 'Revoluções de 1924 e 1930'.
A indisposição paulista foi consagrada num grande manifesto político no comício de 23 de maio, cuja proposta a reconstitucionalização do país e autonomia dos estados. Após o evento ocorreram violentos conflitos desorganizados na capital, sendo assassinados por grupo tenentista os estudantes 'Mário Martins de Almeida (M), Euclides Miragaia (M), Dráusio Marcondes de Sousa (D) e Antônio Camargo de Andrade (C), para o acrônimo 'MMDC' - (Martins, Miragaia, Drausio e Camargo), o símbolo da revolta paulista irrompida em 09 de julho de 1932.
Os insurgentes paulistas tiveram apoio militar, ainda que parcial, sob as ordens dos generais Euclides de Figueiredo, Isidoro Dias Lopes - este de surpreendente adesão, e Bertholdo Kinger, com plano de avançar em direção a Capital do País, com retaguarda assegurada pelos estados comprometidos com o movimento. São Paulo não recebeu a integral adesão das forças armadas e nem dos estados, e, assim, as forças legalistas agiram rápido bloqueando o porto de Santos, impedindo esperados desembarques de tropas auxiliadoras.
Contando apenas com algumas tropas mato-grossenses, a luta dividiu-se em frentes determinadas: 'O Vale do Paraíba, o Sul Paulista, o Leste Paulista e o Centro Sudoeste, esta última no guarnecimento do Paranapanema'.
Diversas cidades do interior paulista estiveram envolvidas na Revolução Constitucionalista, entre elas Santa Cruz com os seus voluntários para o primeiro contingente - Batalhão Santa-cruzense, consoante o 'Santa Cruz Jornal':
—'Sargento Antonio José Saliba; os Cabos Joaquim Olyntho Franco e Abilio Alexandre Pereira; além dos Soldados Amador Saliba, Valério dos Santos, José Molitor de Castro, José Raphael Antonio, Gastão Augusto Lucante, José Rodrigues Junior, José Patrocínio, Ubaldo Taveiros, Ruy Taveiros, Paulo Bittencourt, Domingos Rizzo, Egas Pinheiro - Cabos de Esquadra; José Sebastião, Francisco Martins, José Bulcão, Pedro Rodrigues, Manoel Eduardo, Narcizo Torquato, Serafim Alves Silva Leandro, Roberto Rodrigues da Silva, Benedicto Negrão, Antonio Rodrigues, Raul Leonardo da Silva, João Guides de Moraes, Henrique Albuquerque Silva, Marcelino Tavares, João Reis, Raimundo Beraldo, Luiz Martins Vianna, Vicente Ravedutti, Angelo Dalmatti, Sylvio Augusto Lucante, Orlando de Oliveira, José Pereira do Nascimento, Nillo Borges, Francisco Braga, Joaquim Fonseca, José Jacintho, Virgilio Manoel de Souza, Benedicto Cunha, Benedicto Marques, Jorge Oliveira Machado, Joaquim de Lima Pinto Marques Pinheiro - Soldados' (Santa Cruz Jornal, 04/09/1932: 1).
—E sabe-se de José Osires Piedade - Biju, aos 20 anos de idade, esteve entre os voluntários, como 2º Tenente (Debate, 08/07/2007, Caderno D).
Pelo mesmo 'Santa Cruz Jornal', foram os incumbidos em conquistar voluntários para o Batalhão Santa Cruz do Rio Pardo: o capitão Eugênio Fortes Coelho - juiz de direito, o tenente dr. Carvalho - prenome não identificado, e o suboficial instrutor Manoel de Oliveira.
Os voluntários eram, conforme sobrenomes apresentados em rol, membros de famílias diversas da sociedade local, ricas, pobres e as influentes, e alguns santa-cruzenses apresentaram-se fora do município.
Sem detalhes conhecidos a qual batalhão apresentado, o soldado Serafim era tipógrafo do 'Santa Cruz Jornal', e nota, pelo Santa Cruz Jornal, referiu-se ao: "Luiz Gonzaga d’Avila - valoroso voluntario santa-cruzense que deu importante entrevista ao 'Diário da Noite' sobre a sua atividade no 'fronte' onde perdeu um braço - dando importante exemplo a mocidade de jamais titubear ante a ... do Brasil Constitucionalista."
Um irmão de Gonzaga d'Avila, professor, fora feito prisioneiro em Ilha das Flores (Santa Cruz Jornal, 04 09/1932: 1).
O semanário 'A Cidade' informou e estampou foto dos voluntários, Waldemar Bueno, Mario Gualberto, Octavio Cruz, Mario Vieira e Calvito Ramalho, combatentes no setor de Queluz, ala do Batalhão de Piratininga (A Cidade, edição de 19/12/1933, formato de revista, comemorativa do 24º aniversário de semanário - 1909/1933).
Os voluntários santa-cruzenses foram encaminhados para Chavantes, a fim de treinamento intensivo com instrutor do exército, antes de enviados aos campos de batalhas, e os 'soldados' em recuperação de saúde eram servidos no 'Rancho do Soldado Constitucionalista', em Santa Cruz, onde antes a 'Agência Rugby de Automóveis', à rua Conselheiro Antonio Prado esquina com a Alziro de Souza Santos, defronte à Câmara Municipal. O prédio era, então, propriedade de Tertuliano Vieira da Silva, que juntamente com sua mulher e outras famílias, a exemplo da Brochado, cuidavam das atividades serviçais no rancho.
O 'Santa Cruz Jornal', ao louvar santa-cruzenses partícipes da 'Revolução de 1932' distinguiu a presença constante de dona Antonieta Fortes Coelho, no 'Rancho do Soldado', presidente da Cruz Azul local; igualmente, referenciadas as senhoras ativistas daquela instituição, Lizuca Sampaio - tesoureira, Maria Aparecida Bueno - secretária, Dagmar Pinheiro Guimarães - vice-presidente, as professoras Lourdes de Moura e Edith Martins, e as normalistas, Conceição e Santa Dias.
A organização Cruz Azul desempenhou importante colaboração santa-cruzense na Revolução Constitucionalista, com arrecadações de fundos através de leilões e festivais para equipamentos - compras de capacetes de aço para os soldados, outros equipamentos e artigos de barbearia, além de manter oficina de costuras e confecções de roupas, cachecóis, aventais, lençóis e outros artigos de cama e banho.
—"D. Maria Fortunata Palma fez doação à Cruz Azul de 1 terreno com 11 meia de frente e 44 meia, de fundo (1/2 data) situado à Rua Antonio Prado, terreno que deverá ser levado a leilão." (Santa Cruz Jornal, edição de 04/09/1932: 1).
Os 'soldados' foram, assim, mantidos pela comunidade, através de doações de gêneros alimentícios, e algumas famílias até dispunham de suas joias em ouro, principalmente anéis e alianças, a despeito da proibição pelo Governo de São Paulo. 
 Na 'Revolução de 1932', entre os diversos voluntários a caminho das frentes de batalha, passou por Santa Cruz o Batalhão XI de Agosto, formado por alunos da 'Faculdade de Direito São Francisco - USP', e pelo menos um deles morto na revolução: "vi um moço do XI de Agosto, sobre uma mesa na Prefeitura de Santa Cruz, morto em Salto Grande", consoante testemunho de Norival Vieira da Silva, filho de Tertuliano, em Crônicas de Ourinhos (Diário de Ourinhos, publicação de 27/04/2010), sendo o falecido, José Bretz, judeu terceiranista de direito, vítima nos últimos dias da revolução de 1932 (Correio de São Paulo, 11/08/1933: 1).
São Paulo sofreu derrota. Norival afirmou "Os gaúchos invadiram a região em três cidades, Salto Grande, Ourinhos e Santa Cruz do Rio Pardo. Andavam com um lenço vermelho em volta do pescoço" Os vitoriosos, por algum tempo, ocuparam a região até a garantia da pacificação.
A 'Revolução de 1932' foi o último grande conflito político armado no Brasil, com participação popular, e a data de seu início, 9 de julho, é lembrada por feriado estadual, na máxima que a derrota paulista, nos campos de batalhas, tenha se transformado em vitória política, com a promulgação da Constituição, em 1934.
Não se pode tanto dizer assim, pois em 1935 Vargas já suspendia suas garantias e decretava estado de sítio, elegendo-se indiretamente Presidente.

7. Segunda Guerra Mundial - 1939/1945
Os heróis santa-cruzenses na 2ª Guerra Mundial - 
2020 - monumento em situação de abandono
 
A presença brasileira na '2ª Guerra Mundial' ocorreu em agosto de 1944, e entre os soldados nacionais presentes na Europa, no decorrer dos combates, os santa-cruzenses engajados na 'Força Expedicionária Brasileira: Antonio Vidor, Antonio Ignácio da Silva, Biécio de Brito, Edson Dias Brochado - correto Edson de Lima Brochado, José Bernardino de Camargo, Oswaldo Carquejeiro, Salatiel Dias e Valdomiro Eliseu do Nascimento'.
Outro santa-cruzense engajado na FEB, Mário Ramalho, não participou da referida Guerra: "Iríamos embarcar na manhã seguinte, quando recebemos a notícia de que a Alemanha havia se rendido e que a guerra havia acabado. Eu estava lá para guerrear e pronto para tudo, mas felizmente acabou não sendo necessário." (Debate, 17/05/2009: 8).
—Elias Moyses Abeche, o Lilo, nascido em São Pedro do Turvo - SP em 07/maio 1917 filho de Miguel Moyses Abzech e Emilia Rosa da Conceição, posteriormente residente em Santa Cruz do Rio Pardo vindo de Jacarezinho - PR, casando-se com a santa-cruzense Maria Queiroz, também esteve prestes a embarcar para a frente de batalha, quando da rendição alemã, segundo informes de expedicionários.
—Memórias da família Abeche, no entanto, informam o Lilo residente em Curitiba - PR, no ano de 1943, quando convocado para a guerra e "(...) participou dos combates de Monte Cassino e Montezzi, enfrentando, na verdade, soldados alemães. É que, apesar de estarem na Itália, a força bélica do "eixo" era formada prioritariamente por alemães, que tentavam defender as posições chaves para evitar o avanço do quinto exército norte-americano, a quem os brasileiros foram incorporados — e treinados." (Debate, matéria intitulada "Elias Abeche, o nono 'pracinha'-" ['santa-cruzense'], edição de 12/07/2020).
—Todavia, as fotos de Lilo na Itália, apresentadas na reportagem, não parecem autênticas, contraditadas pela efetiva chegada do Brasil no teatro de guerra (Abeche/Debate - CD: A/A). 
Na 'Praça Coronel José Eugênio Ferreira' - denominação dada pela Lei Municipal nº 99 de 24 de agosto de1960, situada na confluência da rua Euclides da Cunha com a avenida Clementino Gonçalves, tem posta uma placa em homenagem aos oito expedicionários santa-cruzenses que lutaram na segunda guerra mundial. 
—A Praça também é conhecida como 'Praça [dos] Expedicionários', por inserir-se dentro da Praça Coronel José Eugenio Ferreira, na forma de um obelisco com placa de bronze em homenagem aos heróis constitucionalistas santa-cruzenses da Revolução de 1932, instituída pelo Decreto Municipal nº 328, de 31 de agosto de 1982, todavia, tal monumento há décadas não mais se encontra naquele logradouro público.
Santa Cruz vivia a tensão da guerra, quando, aos 28 de abril de 1945, um informe e a manifestação local: "As notícias irradiadas pelas emissoras nacionais de que a Alemanha solicitára paz, deu motivo a grandes manifestações de regosijo, nesta cidade, das 19,30 até ás 24 horas do dia 28 p. passado." (A Cidade, 06/05/1945: 1 e 4).
Nem era a oficial capitulação alemã, que somente aconteceria em 07 de maio de 1945, mas tudo se fez em festa, a partir do bar 'A Paulicéa', a busca por Laurindo Ferreira da Silva "para, no caminhão de sua propriedade, transportar os músicos que tomariam parte na passeata que estava se organizando."
O semanário 'A Cidade' pormenorizou o trajeto do caminhão seguido pela multidão, pela rua Conselheiro Dantas, os estudantes que param o caminhão e sobem na carroceria, a tomada pela avenida Tiradentes, a entrada pela rua Saldanha Marinho, onde reside o regente da 'Banda Musical'.
E, então, ocorreu o inesperado, o estudante, Mauricio de Andrade, ao pretender subir na carroceria do caminhão, escorregou e acabou entre as rodas traseiras do veículo em movimento.
—O menor Mauricio, residente no 'Bairro do Lageado', cursava o 2º ano do antigo curso ginasial local, e hospedava-se na 'Pensão São Paulo', de propriedade de seu tio Manoel Oséas de Oliveira. 
A comemoração santa-cruzense pelo fim da guerra terminou em lamentável tragédia, encerrando-se as manifestações. A população custeou os funerais, e o tio da vítima inocentou o motorista.
O falecido seria sepultado em Lageado e, no caminho, um outro acidente de proporções:
—"O féretro saiu da Pensão São Paulo com numeroso acompanhamento, percorrendo toda a rua Euclides da Cunha, onde foi colocado no caminhão para prosseguimento da viagem. Alli, o senhor Renato Marques, em sentida oração, disse do sentimento dos santa-cruzenses pelo trágico desastre, ressaltando ainda o nosso pesar pelo tragico desaparecimento de um jovem estudante, justamente no dia em que em todos os recantos do Brasil o Hino da Liberdade e de uma nova vida ressoava em todos os corações. 
O caminhão, dirigido pelo motorista André, além de varias pessôas, tambem levava os professores Saturnino Gonzales e Paula Junior, representando a Escola Normal.
Pouco antes de chegar em Lageado, derrapando, o veiculo foi atirado em uma barroca, tomando. Nesse lamentavel acidente, ficaram feridos: gravemente, o sr. Anisio Batista, e levemente, os senhores Diomar de Almeida, João Ribeiro de Andrade, Orlando Cesarini e Romão de Tal." 
Os soldados santa-cruzenses, celebrados heróis, retornaram para suas casas, e o menino Mauricio foi a única vítima fatal, local, em causa da 'Segunda Guerra Mundial'.

7.1. Adendos - acrescimentos em agosto/dezembro de 2021
Os autores SatoPrado, juntamente com o acervista Geraldo Vieira Martins Junior, promovem levantamento sobre os heróis santa-cruzenses na 'Segunda Guerra Mundial', trabalho a ser brevemente disponibilizado:
— José Bernardino de Camargo
Levantamentos informam-no natural de atual Chavantes - SP, nascido aos 09 de julho de 1922, filho de José Bernardino de Camargo e Maria Elvira de Moraes, sorteado para o serviço militar conforme chamado em 1942 e alistado em 1943, no então estado de Mato Grosso (DOSP 29/06/1943: 24 - CD: A/A SatoPrado). O José Bernardino consta casado com Ancila Cassiolato Rossini (Cartório do Registro Civil de Santa Cruz do Rio Pardo - SP, Certidão 3.111, de 13/09/1947), o casal com genealogia disposta em página https://www.familysearch.org/tree/pedigree/landscape/G381-WZM (Geraldo Vieira Martins Junior).
Colaboração da memorialista Maria Helena Cadamuro, de Chavantes, comprova que o soldado José Bernardino de Camargo foi homenageado como herói de guerra por aquela municipalidade - vide imagem último nome.  
— Edson de Lima Brochado
Nascido aos 18 de dezembro de 1923, em Conceição de Monte Alegre, município de Paraguaçu Paulista - SP. Na placa onde a homenagem seu nome consta, erroneamente, Edson Dias Brochado.
Com as devidas correções, do Edson de Lima Brochado menciona-se a seguinte transcrição:
"ID. 2G-102 271
1° Escalão da FEB - 6º RI 
Partida - 02 JUL 1944 
Navio - General Mann
COM. Mascarenhas de Moraes e Zenóbio
Retorno - 18 JUL 1945
- O 6º Regimento de Infantaria, Regimento YPIRANGA, oriundo de Caçapava – SP, foi o único regimento que participou integralmente da Campanha da Itália, tendo embarcado no 1º Escalão, em 02 JUL 1944, atravessado o Oceano Atlântico, e desembarcado no Teatro de Operações em 16 JUL 1944. Foi o primeiro RI a entrar em combate. Regressou em 18 JUL de 1945, tendo participado ativamente das batalhas de Monte Prano, Zocca, Camaiore, Montese, Colechio e da rendição da 148º Divisão de Infantaria Alemã, em Fornovo di Taro, dentre outras. A data 16 JUL 1944 foi imortalizada na Medalha de Campanha da FEB." (CD: A/A, gentileza Geraldo Vieira Martins Junior).
Edson residia em Santa Cruz do Rio Pardo no ano 1940 (Jornal 'A Cidade', edição nº 1491, de 29/12/1940: 1, gentileza de Geraldo Vieira Martins Junior).

8. Revolução Camponesa de 1953
Em 1953 a mídia oficial nacional apontava a ameaça camponesa armada para a transformação do Brasil em nação comunista, e já em seguida o deputado estadual santacruzense, Leônidas Camarinha, denunciava ao 'Departamento de Ordem Política e Social - DOPS', que o 'Comando Comunista' se instalara em Santa Cruz do Rio Pardo. Após 'bem-sucedida investigação policial' o DOPS conseguiu a prisão de Paulino Luiz Barbosa, mascate residente em Sorocaba - SP, foragido ou na clandestinidade, e assim houve revelada toda a organização e seus membros presos, destacando-se Dario Nelli como líder da 'Associação de Lavradores de Santa Cruz do Rio Pardo', cuja prisão foi espetaculosa e causou tremenda surpresa aos moradores do lugar.
A ação policial desmantelou a 'célula comunista e farto material apreendido com Nelli', desde instruções a comprovantes de remessas de dinheiro a Paulino Bispo Barbosa: "Todos esses fatos são publicos e notorios. A policia pos a disposição de todos a farta documentação apreendida" (A Cidade, 31/05/1953: 1).
O delegado de polícia, Laudelino de Abreu, da capital, comandou a operação deflagrada, assistido por policiais da capital e auxílio regional.
A associação presidida por Nelli, não diferente das congêneres na época, pautava pela organização de trabalhadores da terra em defesa dos seus direitos, reivindicações de terras devolutas para reforma agrária, e o apossamento das propriedades improdutivas de moradores urbanos.
Dias depois Nelli conseguiu 'habeas-corpus' impetrado por um seu irmão e o advogado Victor Tollendal Pacheco, mas, pelo mesmo juiz que concedera a soltura recebeu ordem de prisão preventiva requerida pelo ministério público, representado pelo dr. Salvador Liserri de Almada, diante de 'novas e irrefutáveis provas levantadas'.
Também foram decretadas as prisões de outros de Santa Cruz: 'Edmar de Deus Nunes, bancário e vereador em exercício; Eufimi Kochonoff e Leonardo Jablonsky - lavradores; Victor Lozzovoy - fazendeiro e lavrador; e ainda os senhores Italo Gozzo, Martin Stringues e Manoel Gomes' (O Regional, 03/05/1953: 1 e 10, ainda sem os nomes de Martin Stringues, Italo Gozzo e de Manoel Gomes).
Com o aprofundamento das investigações, ou seja, revelações obtidas através de torturas comprovadas, foram encontrados outros materiais de panfletagem comunista, instruções subversivas, o sistema operacional da organização que a própria polícia social desconhecia, e armas municiadas. Partes dos materiais apreendidos estavam no 'Clube [de] Xadrez' local.
O semanário 'A Cidade' explorou o acontecimento alertando para o perigo comunista e a luta armada prestes a acontecer no país, portanto nenhuma dúvida quanto a culpabilidade dos presos. Para o hebdomadário, 'O Regional', minimizando os fatos e criticando a ação policial extremamente violenta, apreendeu-se na casa de Nelli apenas "uma carabina Winchester de tiro ao alvo; os 'aumentativos' transformaram essa arma de esporte, em nada menos que quatro carabinas, armamento russo!" (17/05/1953: 8). Nelli sofreu agressões, com fratura do osso facial, conforme laudo médico de 05 de maio de 1953, assinado pelos médicos José Franco Barrios e Waldomiro Ferreira Neves (O Regional, 17/05/1953: 1); enquanto o preso Martin Stringues, em causa dos maus tratos e torturas na prisão, faleceu na Santa Casa.
Também o advogado dos réus, Victor Tollendal Pacheco, foi agredido a socos pelo promotor público - dr. Salvador Lizerre de Almada num dos corredores da delegacia de polícia defronte à cela onde se encontram os presos políticos. Segundo 'O Regional' testemunharam a agressão, Bruno Casonato - mecânico, o soldado Benedito de Almeida Santos, e os presos de cela vizinha, Joaquim Goulart, Sebastião Campanha, José Pereira da Silva, e outros (31/05/1953: 6).
'A Cidade', edição de 31 de maio de 1953, em conversa com investigadores do DOPS, presentes em Santa Cruz, tomou conhecimento da vinda de um delegado especializado "em virtude de reclamações da UDN [União Democrática Nacional], que pretende transformar essas prisões em um caso político."
Ironicamente 'A Cidade' estampou em manchete naquela edição:
—"Não há comunistas em Santa Cruz!", com duplo sentido, tanto pela pancadaria que fez os presos recuarem da ideologia, pelo menos no interrogatório, quanto pelos advogados que os afirmavam inocentes, a questionar, inclusive, as supostas torturas: "A policia é acusada de somente espancar Dario Nelli. E os outros? Não foram espancados? E confessaram, porque? Se Dario tivesse sido espancado pela policia, outros teriam sido também." 
A matéria foi encerrada com a observação notória, que "enquanto isto, as provas se avolumam contra os falsos protetores de colonos e responsaveis pela intranquilidade da população." 
Algum leitor do exemplar 'A Cidade' - edição de 31 de maio de 1953, cuja cópia digitalizada e acessada pelos autores, escreveu 'pre-ciencia?' ao lado do parágrafo publicado: "Não nos admiramos que, si mais alguns dias, os defensores desses inimigos da Pátria afirmarem que esse traidor [Paulino Bispo Barbosa] também foi espancado pela policia, e que é inocente." 
—Certamente o hebdomadário teve fonte privilegiada, pois o fato efetivamente ocorreu ao desditoso Barbosa no recinto do DOPS, acontecimento apenas posteriormente revelado.
Todos os presos sofreram torturas, tanto por agressões físicas quanto psicológicas, a exemplo do preso Eufimi Kochnoff, cujo depoimento prestado com sob a mira de revólver.
Dos marcantes acontecimentos, sem juízos de mérito, melhor informou 'O Regional', edição de 31 de maio de 1953, das inquirições dos indiciados nos delitos praticados contra a 'Lei de Segurança Nacional', com interrogatórios dos presos e testemunhas arroladas, perante os temíveis investigadores do DOPS, José Antonio Leitão e Joaquim Alves Barbosa.
O semanário destacou os nomes dos inquiridos: 'Dario Nelli; Leonardo Jablonsky; Eufimi Kochnoff, empreiteiro da Fazenda Serrinha; Vitor Louzovoy [Lozzovoy]; Antonio Gusmão; Italo Gozzo; Martin Stringues, da Fazenda Pedra Branca; Paulino Bispo Barbosa; e Manoel Gomes. Edmar de Deus Nunes, encontrava-se foragido, e contra Leonardo Jablonsky havia ordem de expulsão do território nacional, por condenação anterior'.
A denúncia arrolou as testemunhas: 
-Dr. Cyro de Mello Camarinha, advogado e prefeito municipal; -João Rodrigues Leite, antes residente em Rio Turvo, depois em Rancharia onde funcionário do Cartório 2º Ofício;
-Paulo Carnavale, lavrador;
-Antonio Bruno, lavrador;
-Miguel Redondo, lavrador;
-Alberico de Gregório, lavrador;
-Alexandre Zanarde, lavrador;
-Vicente de Paula Araujo, administrador da Fazenda Pedra Branca.
Na edição de 07 de junho de 1953 'O Regional' publicou confirmação de espancamento sofrido pelo preso Paulino Bispo Barbosa, nas dependências do DOPS, em São Paulo, e das torturas sofridas por Eufimo Kochnoff. Outras violências teriam sido praticadas, porém ignoradas ou não levadas ao conhecimento do juiz de direito.
Ainda em 1953 - reportagem 'O Regional', os presos políticos santa-cruzenses tiveram denegada a revogação da prisão, porém absolvidos por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal, com libertação aos 10 de junho de 1954 (O Regional, 13/06/1954: 1). A reportagem fez um resumo de todos os acontecimentos até a libertação dos acusados.
A denúncia do deputado Camarinha fundamentara-se apenas na distribuição de panfletos avulsos, convocando os lavradores, para daí a concepção de que uma organização revolucionaria, visando a derrocada das instituições, se escondia atrás de tão pacifica associação, que visava a melhoria dos lavradores, pela compra em conjunto de inseticidas, sementes, adubos, maquinaria, etc, bem como pela projetada organização de venda em conjunto dos produtos agrícolas.
—O foragido Edmar de Deus Nunes, segundo depoimento de Jaime de Andrade Pimentel, "a trama de denúncias a Edmar, foi ideada pelo deputado Leônidas Camarinha, em reunião de que êle teve conhecimento de modo casual." (O Regional, 28/06/1953).
—Nos anos de 1970, Edmar é citado proprietário de imóvel urbano em Mogi das Cruzes - SP (DOSP, 20/05;1971: 84-85). 
Os presos saíram em passeata e, num comovente ato, se dirigiram ao cemitério púbico local, para visitação ao túmulo de Martin Stringues.
Foram advogados de defesa o já citado dr. Tollendal, o dr. José Leite Carvalhaes, de Presidente Prudente, o dr. José Celio Manzo Vieira, de São Paulo, e no Rio de Janeiro, perante o STF, funcionou o célebre dr. Evandro Lins.

9. Golpe Militar de 1º de abril de 1964
O acontecimento de 1º de abril de 1964, com os militares assumindo o controle político, social e econômico do país, através da violência, censura, repressão, prisão, exílio, torturas e mortes, trouxe problemas para alguns santa-cruzenses.
O advogado e professor Amaury Cesar foi o primeiro, por identificar-se com o 'G-11 - Vanguarda Avançada do Movimento Revolucionário', conhecido 'Grupo dos Onze', fundado em 1963 sob a inspiração e liderança de Leonel Brizola, pretenso unificador das esquerdas, visando formar grupos de onze pessoas, no mínimo, em cada município, integrantes do 'EPL - Exército Popular de Libertação'. Discursos inflamados, um em frente à câmara de Santa Cruz e outro na praça Ramos de Azevedo, em São Paulo, causaram a Amaury a reprovação para o ingresso ao Ministério Público, na fase de entrevista, porque sabido e visto ativo partícipe comunista.
Outro perseguido pelos golpistas foi o comunista Dario Nelli, representante local do Jornal 'A Voz da Unidade', órgão oficial do clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).
—"O Professor Gentil Marques Válio, o advogado Amaury César e o escritor Wilson Gonçalves chegaram a ser ouvidos na polícia quando uma busca na residência de Dário descobriu recibos dos jornais em nome deles. Nenhum era simpatizante do comunismo, mas por conta do episódio aquele quarteirão da Conselheiro Antonio Prado foi apelidado de 'rua Moscou'-." (Debate, edição de 27/03/2011, Caderno D).
Dario Nelli, o líder do 'Movimento Camponês de 1953', tinha ideologia comunista, enquanto Gentil Válio, Amaury Cesar e Wilson Gonçalves eram simpatizantes ao G-11.
Além dos mencionados, alguns professores tiveram que prestar esclarecimentos por suas opiniões contrárias ao regime militar, lembrados Carmelo Salvador Francisco José Sigismundo Crispino, professor e presidente do, e Antonio Raimundo, também professor a mesma escola e vereador, denunciado pelo ex-prefeito Onofre Rosa de Oliveira.
—Onofre e Raimundo pertenciam à mesma agremiação política de sustentação ao Governo Militar, a 'Aliança Renovadora Nacional - ARENA', porém Raimundo era da facção Vermelha e Onofre do Azul, cores que realmente distinguiam os grupos partidários em Santa Cruz do Rio Pardo.
O santa-cruzense Samuel Pereira Borba - o Samuca, foi denunciado torturador de presos políticos (Brasil Nunca Mais, 1ª edição) e membro do 'Esquadrão da Morte' (Desaparecidos Org. Brasil - Torturadores: 46). Escrivão de Polícia - DEOPS/SP, Samuca era fortemente vinculado ao coronel Antonio Erasmo Dias e ao delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, e fautor, aos indicados e aos seus, para aprovações em concursos públicos da 'Polícia Civil do Estado de São Paulo', quando o coronel Erasmo titular da pasta da Secretaria Estadual da Segurança Pública.
—Samuel Pereira Borba era filho do notório ex-comunista de Santa Cruz do Rio Pardo, o Despachante Policial Pedro Pereira Borba, conhecido por Gaúcho, que em meado dos anos de 1940 renunciara ao comunismo num destacado manifesto público (A Cidade, 21/03/1946). 

9.1. O preso político Edjalma Dias
No regime militar o caso marcante santa-cruzense foi a prisão de Edjalma Dias, estudante de Ciências Contábeis e Ciências Econômicas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, onde presidiu, por eleição, o 'Centro Acadêmico - Leão XIII - de Economia, Contábil e Atuarias (Folha de Santa Cruz, apud Guia Brasil Fácil). O preso seria filiado a uma agremiação partidária proscrita e viu-se na mira dos repressores, conforme alertado pelo cardeal de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, e refugiou-se na casa dos pais, em Santa Cruz, sendo preso pelo amigo e conterrâneo, Gerson Gonçalves Filho, militar do exército, que o confiou às autoridades (Debate, 09/01/2011, Seção Cartas, por Edjalma Dias).
Para alguns, Edjalma acordara com os repressores entregando companheiros - 'Caso XXX Congresso da UNE' - no sítio Muduru em Ibiúna - SP, com a prisão de mais de mil estudantes, destacados 'Luiz Travassos, presidente da União Nacional dos Estudantes - UNE; José Dirceu, presidente da União Estadual dos Estudantes - UEE; Vladimir Palmeira, presidente da União Metropolitana dos Estudantes - UME; e o Antonio Guilherme Ribas, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundários'.
Em razão desse acordo o nome de Edjalma Dias teria sido 'apagado' dos arquivos e não incluso entre os beneficiários anistiados ou presos pelo regime, nem constaria nos 'Arquivos do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo - DEOPS', informação improcedente, pois Edjalma Dias consta 'fichado - Prontuário de nº 55857 - Caixa 69' (DEOPS: PROIN).
Ao saber seu nome "nos arquivos do Deops, Edjalma revelou que, na verdade, ficou preso na sede do Deic em São Paulo nos anos 70" (Debate, edição de 15/02/2009).
—Sem mérito de juízo quanto a qualquer tipo de acordo selado nos porões da ditadura, a ocorrência em Ibiúna tratou-se de ação conjunta entre o D[E]OPS e a Polícia Militar de São Paulo (Força Pública), com o aval do Governador Dr. Roberto da Costa de Abreu Sodré, sendo que os policiais conheciam o local exato do Congresso UNE, oficialmente, tanto pela população de Ibiúna - surpresa pelo número de jovens na região, quanto por um trabalhador rural barrado pelos estudantes de entrar no sítio Muduru, tido este, oficialmente, o informante, sem nenhuma referência a possível colaboração de Edjalma Dias, conforme depreendido da publicação Folha de São Paulo (edição de 13 de agosto de 1968).
Pelo hebdomadário 'Folha de Santa Cruz' (apud Guia Brasil Fácil) Edjalma Dias pretende entrar com processo na Comissão da Verdade - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para reparação de danos à sua pessoa, para isto aguardando o 'Dossiê do Estado' para a audiência - Informes 2013.

9.2. Outros averiguados pela Lei de Segurança Nacional
Dezenas de nomes santa-cruzenses, nascidos ou moradores, constam fichados em arquivos do DEOPS, pós o 1964, desde atuação política considerada subversiva, às reuniões de grupos em clubes ou residências; ou por comungar ideias comunistas; participar, estar ou fazer companhia a pessoas notoriamente comunistas; conhecer pessoas participantes de grupos de esquerdas - armados ou não; expressar juízos que pudessem induzir mensagens contra o governo, ou sugerir pensamentos revolucionários; confeccionar cartazes, panfletos ou publicações gráficas de manifestos, próprios ou de outrem, contra o governo; fraudar o erário ou emitir documentos de maneira que alguém pudesse se beneficiar de dinheiro público; e corrupções entre tantas outras possibilidades.
Entre os fichados pós-1964, além dos já mencionados, são conhecidos:
—"Alcides Beguetto, Aloysio Pinheiro Guimarães, Antonio Leme da Silva, Clélio Zanoni, Daniel Lopes de Queiroz, Derly Ribeiro, Edilon de Souza Reis, Edmar de Deus Nunes, Eron de Souza Reis, Helios Ismael Gonçalves Lino, João Batista Geronimo, João Carlos Rolim Rosa, Luiz Antonio Elias, Marcilio Pinheiro Guimarães, Paulo Patrocínio, Paulo José Patrocínio, Sessuke Akagui, Theofilo Queiroz Junior e Wanderlei Losovoi [Lozovoy]." (DEOPS: PROIN).
No denominado 'Caso SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo', ocorrido em Santa Cruz no ano de1981, quando manifestantes revoltosos contra a empresa apedrejaram a Câmara, a residência do então prefeito Aniceto Gonçalves, da Prefeitura e próprios da envolvida, também foram fichados pelo DEOPS: 'Alfeu Andrade, Antonio Aparecido Fernandes, Antonio Francisco Zanete, Arnaldo da Silva Ramos, Hilda Monteiro Nogueira de Oliveira, Israel Benedito de Oliveira, João Roque de França Neto, Monica Regina de Oliveira, Oscar dos Santos, Simei Gonçalves e Suely Gonçalves' (DEOPS: PROIN).
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