sábado, 20 de julho de 2013

– 04. OS PREFEITOS 'CACIQUES DA VEZ'*

1. Carlos Queiroz - o consagrado melhor prefeito
Tido 
o melhor e mais competente político santa-cruzense - referência até o ano 2018, Carlos Queiroz herdou todo legado do sogro Leônidas Camarinha, o grande líder dos 'vermelhos'.
Quase tudo na cidade dividia-se naquelas cores, observáveis, por exemplo, nos dois principais clubes sociais o 'azul Icaiçara' e o 'vermelho Clube dos Vinte', e isto influenciava até nos nosocômios, a Santa Casa dos 'azuis' e o Hospital Maternidade dos 'vermelhos'. E assim eram os bares, clubes e identificações pessoais.
Leônidas Camarinha ousara: Carlos Queiroz - o genro, e José Carlos Nascimento Camarinha - o sobrinho, foram lançados candidatos a prefeito e vice por Leônidas, como a última esperança política do grupo diante dos dissidentes, vitoriosos e liderados por Lúcio Casanova Neto; poucos acreditavam na vitória da dupla diante da coligação entre os 'Partido Democratico Cristão e a União Democrática Nacional - PDC/UDN', com os candidatos José Osíris Piedade e Anísio Zacura.
Eleito, Queiroz iniciou aproximação com a câmara conquistando os opositores para a composição de governo. Adquiriu rapidamente qualidades e fama de político honesto, íntegro e realizador, desvinculando-se da imagem do sogro e distante da política de Lucio. Era a antítese de tudo aquilo que se pensava dos políticos até então.
A coligação 'PDC/UDN' entrou em crise e dela valeu-se Queiroz, em consolidar as lideranças regionais nos distritos e bairros rurais e urbanos - vilas, somando-se aos descontentes com a então política do 'compadrio', e daqueles que sentiam a momento para a mudança política local.
Do Queiroz, eleito em 1963 para o mandato de 1964 a 1967 - prorrogado até 1968, têm-se o mais respeitável nome na política santa-cruzense, pós 1947, pela eficiência e probidade, e a morte prematura a consagrá-lo ícone; entretanto, algumas de suas posições são discutíveis, como as formações de grupos empresariais de amigos agregados à municipalidade, ou a ele próprio, como exemplo a estrutura da 'Rádio Difusora' - herança do sogro, em nome de José Cesário Pimentel, antes do repasse ou venda a Joaquim Severino Martins, Amerquiz Julio Ferreira e Clóvis Guerra, cuja receita fortemente vitaminada, sempre, com verba pública.
Diz-se, ainda, do 'Curso Superior de Filosofia Ciências e Letras', nas mãos de José Cesário Pimentel e supervisionado pela 'Fundação Educacional Santacruzense' - 'FESAN', ou seja, diretamente por Carlos Queiroz.
—O nome original da fundação não era 'FESAN' e sim 'FESTA', que o então Professor Teófilo de Queiroz Junior aconselhou mudança por motivos óbvios.
A 'Construtora Cormaf', dos sócios Osvaldo Cortela, Joaquim Severino Martins e Mário Figueira, teve inspiração original em Queiroz, e especialmente criada para construções de casas populares através concorrências públicas ditas viciadas.
Outros empreendedores tiveram destaque local pelas suas ligações com municipalidade, através do prefeito Carlos Queiroz, a exemplo da Cerealista 'Quatro Azes', e o empresário beneficiado por Lei Municipal que permitia aquisições diretas de veículos usados, os 'vermelhinhos' para a frota da prefeitura.
Queiroz, sabidamente controlava alguns empreendimentos de sucesso, mas o seu nome jamais oficialmente vinculado a qualquer empresa, e até sua firma comercial transferida antes de eleger-se prefeito.
Centralizador, Queiroz assumiu politicamente o lugar do sogro, num estilo caciquista. 
Na eleição municipal de 1968 (mandato 1969/1972) apresentou e impôs ao partido o seu candidato preferido, José Carlos Camarinha, contrariando o diretório que optava por Sebastião Botelho. A estratégia de Carlos fora equivocada, pois José Carlos Nascimento Camarinha tivera uma série de revezes nos últimos anos, inclusive prisão incomunicável e isto pesou contra, além do carisma inegável do concorrente vitorioso, Onofre Rosa de Oliveira.
Os feitos de Queiroz podem ser vistos através das leis municipais e outras publicações pela Câmara no período. Sem dúvidas um prefeito arrojado, que gostava de nomear todas suas obras e realizações.
Morreu de acidente automobilístico em 1969, e seu passamento prematuro encerrou, de vez, todas as suspeições de seus adversários.

2. Joaquim Severino Martins - o último 'autêntico' chefe político
Joaquim significou o principal líder político de Santa Cruz, na década de 1970, remanescente do grupo de Leônidas Camarinha, a quem se manteve fiel.
Tornou-se líder por acaso, com a morte prematura de Carlos Queiroz em 1969, e eleito prefeito em 1972 para mandato de 1973 a 1976, pela 'ARENA', vindo a se destacar no cenário político, com dominação caciquista, e que agregou em torno de seu nome grupo político de confiança e mantendo aqueles de Carlos Queiroz, pelos quais foi vencedor na política de 1972. O grupo de Joaquim, ou os 'joaquinzistas', obedeciam-lhe em tudo.
Ambicioso e enriquecido, com mão forte dominou o cenário político durante anos e elegeu sucessor em 1976 o seu vice Aniceto Gonçalves (1977/1982). Também foi no ano de 1976 que Joaquim viu-se condenado por corrupção eleitoral, processo referente ao exercício de 1974, com repercussão nacional e espaço nos principais meios de comunicação.
Apesar dos problemas judiciais, Joaquim candidatou-se a deputado estadual, em 1978, recebendo quase 25 mil votos, ocupando suplência imediata e assumindo cadeira por algumas semanas.
A divisão do partido em duas facções, Arena 1 e Arena 2, prejudicou-lhe nas eleições municipais de 1982, diante do oportunismo de Onofre Rosa de Oliveira, então no 'MDB' onde inscritos três candidatos. As divisões de votos facilitaram a eleição de Onofre, pela terceira vez, e Joaquim ficou em segundo, e seu grupo deu maioria camarária a Onofre durante todo o mandato - 1982/1988.
Joaquim estava em decadência, ainda assim candidatou-se para o cargo de prefeito, em 1988, e perdeu para Clóvis Guimarães Teixeira Coelho, o apontado por Onofre Rosa de Oliveira.
Abandonou a política para dedicar-se aos negócios particulares, todavia sentiu necessidade de retorno à vida pública, em 1992, como vice na chapa de Manoel Carlos 'Manezinho' Pereira, que lhe daria domínio de alguns setores importantes da administração, por exemplo, a 'CODESAN'.
Conseguiu seu intento e, daí sim, definitivamente abandonou a política. 
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